tag:blogger.com,1999:blog-57623185996949556632024-03-13T04:49:42.236-03:00ser tão/sertãoPALAVRAS SERTANEJAS
E OUTRAS PALAVRASblograngelhttp://www.blogger.com/profile/13454826132311106892noreply@blogger.comBlogger12513125tag:blogger.com,1999:blog-5762318599694955663.post-36501858970536512542022-04-23T20:17:00.004-03:002022-04-23T20:17:43.519-03:00TRISTE BRASIL<div><br /></div><div><p align="left" class="MsoNoSpacing" style="text-align: left;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">*Rangel Alves da Costa</span></b><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p align="left" class="MsoNoSpacing" style="text-align: left;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Em obra-prima da antropologia e intitulada “Tristes
Trópicos”, o pesquisador belga Claude Levi-Strauss traça um panorama essencialmente
pessimista do Brasil. A partir de suas pesquisas etnográficas desenvolvidas na
década de 30, o professor Strauss chegou chegaria à conclusão que mesmo sendo
um país de triunfante beleza e de natureza exuberante, o Brasil pecava de males
que o colocaria como um belo tapete encobrindo lastimosas situações.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">A degradação ambiental, o crescimento
desordenado das cidades, o esfacelamento das relações sociais, as discrepâncias
no acesso aos bens de sobrevivência, a situação deplorável da causa indígena.
Com efeito, focando principalmente as sociedades indígenas por ele visitadas em
expedições, Strauss chama atenção – já naquele período – para o desprezo que as
culturas e as tradições indígenas estavam relegadas. Povos originários já sendo
alcançados pela devastadora modernidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Passaram-se os anos, mas as reflexões
continuam com plena validade. Contudo, a atual tristeza dos trópicos possui uma
amplitude ainda maior. Um entristecimento que abarca a visão sobre os poderes
da República, sobre governantes e políticos, sobre julgadores, sobre a mídia,
sobre os costumes, sobre o pensamento da população. Nada, absolutamente nada no
Brasil, parece ser respeitado. A inversão de valores passou a ser de tal monta
que hoje se tem como normalidade o absurdo, o espantoso, o jamais imaginado para
um dito Estado Democrático de Direito.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Será que estes trópicos se alegram com
babaquices como Big Brother Brasil e outros formatos de enojar? E devem chorar
ao saber das inúmeras pessoas apaixonadas por tais manipulações da realidade.
Daí que nas pessoas também a corda sendo puxada para o imprestável, para o
abismo. Não há que se esperar grandes coisas de pessoas que ao invés de
procurar engradecer pelo conhecimento, eis que acabam preferindo o lamaçal dos
degradantes modismos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="245" data-original-width="320" height="306" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-TofMrNQTB-AugOuSooJWad_TZa0SrPRgwOGkOvCb6Ovw5uK3UBewnua0AfpsGly66lNgupLGFAhnhFd5DNL-IMs9KugQdDjmz13CWF7W81CffsrsT5nbjxodT_StupZHxR5Hhs9lFGYoO1XocFRfqaKDpMc6V2RS9xuRAeNIounPi157g1KDQP4_dA/w400-h306/POBREZA-NO-BRASIL-IMAGEM-1.jpg" width="400" /></div><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Hoje, por exemplo, todos os sites noticiosos
estampavam textos e fotografias sobre o namoro da atriz Fernanda Souza com uma
mulher, e repetindo-se com fatos novos sobre o mesmo nada. Será que não
existiria nada mais sério e interessante nestes trópicos apunhalados pela
babaquice? Ou será que a realidade brasileira se resume à traição da mulher com
o morador de rua, ou ainda a exposição e os detalhamentos dos trisais
existentes por aí? Mas é o que a mídia parece se preocupar. E tudo como se toda
a população tivesse que engolir a qualquer custo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Não há mais fome nestes tristes trópicos? As
pobrezas, as carências e as mendicâncias já se generalizaram de tal forma que
não merecem mais qualquer destaque na grande imprensa? Será que não vale mais a
pena o conhecimento dos sofrimentos e das dores ainda tão presentes nos
sertões? Com efeito, muita coisa não há mais que ficar batendo na tecla,
principalmente pelo fato de que já fora constada a morte de muita coisa: a
seriedade no povo, o seu poder de indignação, a incessante luta para mudar o
caos em esperança.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Realmente, triste é constatar que o Brasil já
desfaleceu em muitos aspectos. Um governo democraticamente eleito, mas que
elege a tirania para se manter no poder, já diz bem ao ponto de fragilidade que
estes tristes trópicos passou a ter, e medonhamente conviver no seu dia a dia
de abusos e opressões. Um governante que prefere ferir a todos em nome do
mando, que prefere rasgar as leis a respeitar as decisões, que prefere negar a
aceitar as verdades, não poderia vingar noutro país senão nestes tristes
trópicos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Não pode ser tida como uma nação civilizada
aquela onde parte de sua população tem preferência por manter no poder um
ditador, um sanguinário, uma pessoa demoníaca e extremamente perigosa. Que povo
é este que perdeu a consciência de realidade, que parece acometido de cegueira
das boas virtudes, que aplaude e fanatiza aquele que mais adiante irá lhe
apunhalar? Strauss ficaria envergonhado com tal realidade existente nestes
tristes trópicos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">O país onde o dinheiro compra tudo,
principalmente a honra e o caráter de políticos eleitos pelo povo, e somente
para depois se tornarem algozes desse mesmo povo. E todos têm que aceitar
calados, sem insurgência ou luta alguma, pois também sabem com quem estão
lidando. E lidam com uma população que se preocupa mais com o Big Brother
Brasil do mesmo com o seu futuro, que acha mais importante saber que roupa usou
a famosa ou da namorada mulher de outra mulher. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Tristes trópicos. Triste Brasil!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<h4 style="text-align: left;"><span style="font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Escritor<br /></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">blograngel-sertao.blogspot.com</span></span></h4>
<br /></div>blograngelhttp://www.blogger.com/profile/13454826132311106892noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5762318599694955663.post-85002434545185922602022-04-23T20:15:00.002-03:002022-04-23T20:15:26.441-03:00Lá no meu Sertão...<div><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Avistando a vida, o mundo, tudo...</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="731" data-original-width="566" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8FTA9bjZPXC0PcGxRk3rP5N76SgRnXmNEsMpiTNzKZPvlK2EzJx4vcOvczfROxgxTUdGBdhXZlKuFzek4pxzUC6eFDaeFEGasUGO87rj7sNzcHA-CCgyWKiWAcgp937C6XLarqA4a3WtfWnFkLLFlNLNeitknYUKaGgRf2CHb-ILCnw7bUmL0-hgLrw/w310-h400/IMG_20210903_164314988%20(1).jpg" width="310" /></div><br /><div><br /></div>blograngelhttp://www.blogger.com/profile/13454826132311106892noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5762318599694955663.post-84780864386422437242022-04-23T20:13:00.002-03:002022-04-23T20:13:13.005-03:00O outro lado do rio (Poesia)<div><br /></div><div><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: center;"><span style="font-size: 14.0pt;">O outro lado do rio<o:p></o:p></span></p>
<h4 style="text-align: left;"><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 8pt; font-weight: normal;"> </span></div><span style="font-weight: normal;"><div style="text-align: center;">Aqui é feio</div><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">é triste e
angustiante</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">mas há um rio</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">e no outro lado
rio</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">eu avisto a paz</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">eu vejo a
esperança</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">e um porto seguro</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;"> </div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">mas não sei nadar</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;"> </div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">entristeço e
choro</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">preciso partir</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">sair logo daqui</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">onde a solidão
oprime</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">os dias são
noites</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">as rosas são
espinhos</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">e o medo a rondar</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;"> </div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">vou aprender a
voar...</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;"> </div></span></span><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><br /></span></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Rangel Alves da
Costa</span></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><br /></span></span></div></h4>
<br /></div>blograngelhttp://www.blogger.com/profile/13454826132311106892noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5762318599694955663.post-70843106601533047722022-04-23T20:10:00.007-03:002022-04-23T20:10:59.721-03:00Palavra Solta – famosinhos de nada, “influencers” e “idioters”<div><br /></div><div><p class="MsoNoSpacing"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">*Rangel Alves da Costa</span></b><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">A mídia gosta de endeusar o imprestável.
Também gosta de dar denominações aos modismos e até ao inexplicável. É por
culpa da mídia, por exemplo, que as pessoas deixaram de ser masculinas ou
femininas (respeitando-se as opções sexuais) para se transformarem em
“pansexuais”, “intersexuais”, “binárias”, “não-binárias”, e por aí vai, e que
igualmente refletem orientações sexuais. São tantos termos surgidos que de
repente fica difícil saber quais os limites de uma coisa perante outra. Mas é
no endeusamento de certas pessoas, até então no reles do comum social, que mais
a mídia procura embabacar toda a sociedade. Isso mesmo, pois a mídia imagina um
mundo como uma aldeia de babacas e, daí em diante, vai jogando em cada um o que
não presta, o que tem de ser engolido forçadamente. Vai transformando babacas
desconhecidos em famosos, vai transmudando imbecis em ilustres personalidades.
Basta alguém utilizar as redes sociais e atrair seguidores, para de repente já
ser tida como verdadeira celebridade. Assim acontece com os ditos “influencers”
ou “blogueiros”. Na verdade, quem valoriza ou cegamente segue o influencer não
tem capacidade de pensamento, de decisão, não tem conhecimento válido de nada.
Ou, com acerto já disseram que o que cria um influencer é a quantidade de
idioters. A quantidade de idiotas (e que são milhares) que acompanha essas
porcarias. E também a mídia, que celebriza e endeusa o imprestável.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<h4 style="text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Escritor<br /></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">blograngel-sertao.blogspot.com</span></span></h4>
<br /></div>blograngelhttp://www.blogger.com/profile/13454826132311106892noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5762318599694955663.post-80801792186955502922022-04-21T19:41:00.003-03:002022-04-21T19:41:14.589-03:00CANGAÇO E CONHECIMENTO (PRA NÃO ACREDITAR NA MENTIRA NEM SER MAIS UM MENTIROSO)<div><br /></div><div><p align="left" class="MsoNoSpacing" style="text-align: left;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">*Rangel Alves da Costa<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Todo santo
dia surge mais uma baboseira sobre o cangaço. Só faltam dizer que encontraram Lampião
na porta do INSS para fazer prova de vida. E não sei se não dizem. Um diz que
Lampião morreu em Minas, já outro assevera que sua morte ocorreu na alagoana
Pão de Açúcar. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Um diz que
morreu envenenado, já outro diz que nem morreu. Pelo jeito, Angico vai se
tornando última opção como local de morte. Sim: dizem que aquelas cabeças eram
de manequins, pois tudo armação para esconder a fuga acertada de Lampião. O
sangue era tinta vermelha e os corpos degolados eram de mentirinha. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Todo santo
dia surge uma história assim, sem pé nem cabeça, coisa que nem faz boi dormir.
O pior é que muitos acreditam. E pior ainda que muitos escrevem sobre tais
mentiras como se verdades fossem. E vão espalhando as aleivosias e os embustes
de forma vergonhosa, mas sem vergonha alguma. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Por que
tudo isso ocorre? Ora, só pode ser por falta de conhecimento histórico,
principalmente da história do Cangaço. E conhecimento que implica em leitura,
em pesquisa, em estudo de campo, em ter tempo para ouvir os antigos relatos e
testemunhos, para ter capacidade suficiente de avaliar criticamente o dito e o
escrito, extraindo de tudo as possíveis verdades. Ou as muitas mentiras. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Conhecimento
que implica ainda em buscar diversos escritos sobre a mesma situação, de modo a
tornar os múltiplos relatos em possível norte de entendimento. Para conhecer o
Cangaço não se deve buscar as aparências ou basear-se somente em teorias
conspiratórias. O Cangaço é uma colcha de retalhos que deve ser avistada no
todo, desde suas raízes à junção de cada pedaço, pois um entremeado de ações e
consequências. E num contexto que envolve injustiça, opressão, vingança,
coronelismo, política e traição, dentre outros aspectos. <o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="518" data-original-width="770" height="269" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIiY2Vm8iQCp1NQ4FLvnb_XuAV2s5iyifZNZnvUEFNkHONwmbBxeK9m6qquhKwXy7MEC4mhu7NZCC-JfIBezIunDxDgfdytOEqJ89UoAAk_JV75Sp56A_wptOi8ii9JxhlWo79zAE9nBo0lrafHTmCBy-uDtcUCS-bzUdUmsFOw6Y-xlJ32jI1nmJlhA/w400-h269/625f4bbc9878018315e836efbb059add.jpg" width="400" /></div>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">O
acontecido permanece na história, os testemunhos ainda são muitos, mas gente
ainda há que prefere o achismo ou o duvidoso. Tudo bem, mas será preciso um
mínimo de atenção aos fatos, aos contextos e suas relações. Não se pode dizer
apenas que não foi assim. Mas por que não foi assim? Então há que se
demonstrar, com seriedade e provas, como de modo diferente aconteceu. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">A maioria
dos livros sobre o cangaço peca pelas ideologias e defesas próprias dos
autores, sem buscar a devida isenção que todo escrito histórico precisa ter,
mas ainda assim muitos escritos existem que são confiáveis e que – senão donos
da verdade – ao menos traçam confiáveis percursos. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">Os
testemunhos gravados e que vão surgindo, igualmente devem ser vistos com
ponderação, senso crítico e agudeza de discernimento. Até mesmo aqueles que
estavam em Angico contam a mesma história de forma diferente e, na maioria das
vezes, trazendo para si um protagonismo que nunca existiu. Volantes, coiteiros,
cangaceiros, tudo contando a seu modo o que aconteceu de uma forma única. E
assim fica difícil de saber quem está dizendo a verdade. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">E eis a
chave do problema. Apenas um livro ou dois não vai dar o conhecimento
suficiente a ninguém. Apenas um testemunho ou dois não vai trazer a verdade a
ninguém. Por isso mesmo será sempre preciso o descontentamento. Não se
contentar com a história dada é a raiz da questão. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">E assim,
mesmo que jamais chegue a verdades absolutas sobre a história do Cangaço, a
pessoa ao menos não vai querer nem ler ou ouvir baboseiras, mentiras, coisas de
quem parece não ter o que fazer.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<h4 style="text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;">Escritor<br />blograngel-sertao.blogspot.com</span></h4><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p><br /></div>blograngelhttp://www.blogger.com/profile/13454826132311106892noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5762318599694955663.post-16849659022243965902022-04-21T19:38:00.007-03:002022-04-21T19:38:57.144-03:00Lá no meu Sertão...<div><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Lindo Sertão</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="732" data-original-width="976" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoNJwvQlrGtmZJmTrVYYEccGJTFls-e7DvUonHagdVYWWKr3JneB01GJ52Qo5R4biheE1QNIeSIgrlbe2vijt85Qew6L5f52HANqdpGQa8Fn4gR31Th3RtPx3x-QQvMmyyFhvbRO4jkpLc4ytVidMO_hIsm8qc8cuPfb9SGXcyeHL-TyrOSREYv9bHlQ/w400-h300/IMG_20210918_151508202%20(1).jpg" width="400" /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_zK4T7QyRICKex4ZGdkbTk_IB0dUDK4yESFElpgPjrY9VNah_ib1gUrBKuAa5teBuERp4524osdjmxkZ1QL81xelxRhTPlgzuIlXk87vnUKT9d_v0bE5UdT1ZeC8_Ir7A0ybMeZX5ff-IZjupsr202J_HA3DkFLVzESbYI7I0zNnuUxKZ-BTvuD7wHw/s976/IMG_20210918_151523942.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="732" data-original-width="976" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_zK4T7QyRICKex4ZGdkbTk_IB0dUDK4yESFElpgPjrY9VNah_ib1gUrBKuAa5teBuERp4524osdjmxkZ1QL81xelxRhTPlgzuIlXk87vnUKT9d_v0bE5UdT1ZeC8_Ir7A0ybMeZX5ff-IZjupsr202J_HA3DkFLVzESbYI7I0zNnuUxKZ-BTvuD7wHw/w400-h300/IMG_20210918_151523942.jpg" width="400" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><div><br /></div>blograngelhttp://www.blogger.com/profile/13454826132311106892noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5762318599694955663.post-12471559863680151752022-04-21T19:36:00.009-03:002022-04-21T19:36:50.743-03:00Amor sem gramática (Poesia)<div><br /></div><div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 14.0pt;">Amor sem gramática</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: 14.0pt;"><br /></span></div><h4 style="text-align: left;"><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: normal;">Te amo</span></div><span style="font-weight: normal;"><div style="text-align: center;">em errado
português</div><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">pois amo-te é
muito frio</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">para o amor</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">escrito de seu
jeito</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">amado de seu
jeito</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">vivido e sentido</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">assim desse jeito</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;"> </div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">te amo</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">e rasguem a
gramática</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">para deixar em
nudez</div></span></span><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">o amor.</span></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><br /></span></span></div><span style="font-weight: normal;"><div style="text-align: center;"> </div><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">Rangel Alves da
Costa</div><div style="text-align: center;"><br /></div></span></span></h4>
<div style="text-align: center;"><br /></div></div>blograngelhttp://www.blogger.com/profile/13454826132311106892noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5762318599694955663.post-26322222909025401052022-04-21T19:34:00.004-03:002022-04-21T19:34:31.453-03:00Palavra Solta – o perdão do presidente e o tiro no próprio pé<div><br /></div><div><p class="MsoNoSpacing"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">*Rangel Alves da Costa</span></b><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span><span style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"> </span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Nesta quinta-feira 21/04, o presidente Jair
Bolsonaro anunciou que, através de decreto presidencial (já publicado), perdoou
os crimes praticados pelo seu aliado Daniel Silveira, livrando-o das
condenações impostas ontem pelo Supremo Tribunal Federal. Significa dizer que
todas as ações criminosas de Silveira foram inocentadas pelo amigo presidente.
Indaga-se: num Estado Democrático de Direito pode tal aberração acontecer?
Certamente que o instituto da graça (ou do perdão) é de competência da
presidência da república, mas cuja prerrogativa não deve nem pode ser utilizada
para forçadamente inocentar aqueles que ferem os princípios constitucionais e
atentam contra a ordem jurídica nacional. A pensar diferente, não existiria
cabimento em ter legisladores nem julgadores, pois a legislação e a aplicação
do direito ficariam a bel-prazer de um só homem, que com seu tino ditatorial,
antidemocrático e usurpador das leis, poderia mandar soltar, inocentar, rasgar
a sentença de quem desejasse. Assim, um filho ou parente do presidente jamais
poderia ser preso, pois ato contínuo ele invocaria o perdão. Um criminoso, um
terrorista, ou qualquer gente da pior espécie, poderia agir impunemente acaso
amigo ou protegido do presidente. Em que mundo e país estamos? Da desordem, da
imoralidade, da injustiça, do absurdo? Desta feita, contudo, o presidente foi
além de sua sanha ditatorial, de se regozijar de ser dono de tudo a todo custo.
Deu um tiro no pé. Sua atitude em proteger e inocentar um condenado de tamanha
monta foi tão insensata que doravante toda a população vai saber do real perigo
em se manter a tirania no poder. Seus eleitores, a não ser os apaixonados e
fanatizados, passarão a ter a devida consciência do quanto essa doentia figura
é capaz. Para proteger um criminoso, um condenado, Bolsonaro acabou condenando
a si mesmo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<h4 style="text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Escritor<br /></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">blograngel-sertao.blogspot.com</span></span></h4>
<br /></div>blograngelhttp://www.blogger.com/profile/13454826132311106892noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5762318599694955663.post-62462537934802005092022-04-12T19:28:00.004-03:002022-04-12T19:28:57.602-03:00OS BICHOS DA SEMANA SANTA<div><br /></div><div><p align="left" class="MsoNoSpacing" style="text-align: left;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">*Rangel Alves da Costa</span></b><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p align="left" class="MsoNoSpacing" style="text-align: left;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Na cidade inteira e região, todo mundo sabia
que o padre Merinaldo virava bicho na Semana Santa. E também o fazendeiro Zezé
Valentão e o rezador Totonho das Folhas. Dizem também que o afeminado Cicinho
Rosado se transformava num terrível bicho. Mas este sempre negava, e dizia: “Não
viro mais, pois já sou virado. E se eu virasse não seria bicho, mas uma bicha.
E isso impossível de acontecer novamente!”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Mas estes e outros nomes eram comentados por
todo lugar. Assim que a Semana Santa se aproximava, então logo as conversas
surgiam de canto a outro. E gente com medo de não acabar mais. Pessoas que
depois da boca da noite se trancavam nos quartos e ainda assim tremelicando de
medo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Zelito Fofoqueiro logo dizia: “Tanto o padre
Merinaldo como Zezé Valentão vira bicho, e não é invenção não, pois pura
verdade. E assim também com o rezador Totonho das Folhas e Cicinho Rosado. E
tem mais gente que se desanda em bicho feio e perigoso. Antes eu suspeitava,
mas agora tenho certeza que Quiquinha de Edmundo também vira bicho, e do mesmo
modo sua prima Cacilda do Pezão”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">E acrescentava o fofoqueiro: “Tenho como
provar o que digo. Vejam se depois das dez da noite vocês encontram mais
qualquer um desses em suas casas. Não encontra de jeito nenhum. E por quê? Ora,
simplesmente porque tão pelos quintais, pelos tufos de mato, pelos monturos,
pelas encruzilhadas, ao redor dos chiqueiros, que são os locais ideais para se
transformarem em bicho, em lobisomens da Semana Santa”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Destas feita, Zelito Fofoqueiro falava a
verdade. Todos estes saíam de fininho de suas casas e, sem dizer aonde iam, de
repente tomavam os caminhos escuros, no breu dos medos e medonhices, para se
entufarem nos escondidos. No dia seguinte era possível avistar o mato aberto, o
capim retorcido, a lama revirada, os locais onde eles se transformavam em
horrendas e perigosas criaturas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="443" data-original-width="626" height="283" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhd_fJbsrswWMtQYsuQ_x8m71ycTJ-l-oMtDcltl72hhFMK30Lz4xky5aYWmLphly8U8auwySwSYGa8Mp3qJJfW76oHswAJX_mC2lxgWMbkE5ITaXPrcfe5JJz7RaFCjY6rqAgZ831UzbADsbUUqNyUnqmUFBR8IgpxNXM-Qpx_1v_73B2nit2t9Y96Wg/w400-h283/lobisomem-a-espreita-no-escuro-durante-a-lua-cheia_24381-131.webp" width="400" /></div><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Como a transformação ocorria? Tudo dependia
da sina triste de cada, do fadário penoso que cada um carregava. Dependendo do
pecado cometido ou da paga pelo indevido, a pessoa apenas deitava por entre os
tufos de mato e deixava que os mistérios da noite fizessem o restante da transformação.
Outros sequer precisavam deitar, pois em determinado horário seus corpos eram
como dilacerados por forças terríveis, fazendo surgir unhas afiadas e imensas,
orelhas disformes, olhos avermelhados, pele peluda, pés retorcidos e garras em
punhais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Que cena mais terrível e assustadora. A
pessoa jogada ao chão, estrebuchando, rodopiando, com tenebrosos grunhidos, com
urros medonhos, para de repente levantar já com olhos de fogo, com boca
gosmenta e dentes afiados, em busca de presa. Levantar a cabeça monstruosa em
direção à lua, bater no peito com os braços disformes e uivar os mais terríveis
dos uivos. E em seguida correr em direção aos quintais, às encruzilhadas, aos
becos escuros, aos meios dos cemitérios, pelas ruas tomadas de escuridão.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Por que tão triste sina entre pessoas? A
resposta certamente seria mais conveniente se chegasse da boca de Zelito
Fofoqueiro, mas todos sabiam os motivos. Bater na mãe, praticar atos
libidinosos com beatas desprotegidas, negar a existência dos anjos e santos,
desvirginar a inocência, pular janela de mulher casada e se esconder debaixo da
cama ante a chegada do marido, roubar calcinha de menina nova do varal. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">E dizem que a sina triste de Cicinho Rosado,
ou seu desatino em virar bicho em toda Semana Santa, foi ocasionada pelo seu
costume de levar calcinhas dos varais para vestir, tendo as vermelhas e
rendadas como preferidas. Mas o que até hoje ninguém conseguiu explicar era
como uma calcinha vermelha cabia num lobisomem imenso, num ser monstruoso e
horrendo, e que saía se rebolando e cantarolando: “Vou te pagar, vou te pagar!”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span><span style="text-indent: 35.45pt;"> </span></p>
<h4 style="text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Escritor<br /></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">blograngel-sertao.blogspot.com </span></span></h4>
<br /></div>blograngelhttp://www.blogger.com/profile/13454826132311106892noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5762318599694955663.post-48389046880823124712022-04-12T19:26:00.000-03:002022-04-12T19:26:01.236-03:00Lá no meu Sertão...<div><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Sertanejo mundo...</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="1536" data-original-width="2560" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTp8X5fDKObfcc0Pcd81DSI7s7dGLyExAo924eOAC-ynJ1qaI1hyQXQk7Mt2sUVkrGPfxeTez_0MxO9DUmkTxV34mYiNLmmJS3aSH3FT4Ngl_GFVH0SK2PUoJDlZu8EjhAc0gkKSaYCeoL9PNO5zE7qqXyU2eGaxKfQQUqk2Y_KiiggMOhOZk8qYfrKg/w400-h240/038.jpg" width="400" /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_wffkzccmyBXMWZybqQBUZdnfP4FkQgre3oOiTjled5xdvjHRQU8wAC3qUhcsVpv14lEnkP_geJrLTllY7WHL3TIYMvUQ9oCqtgSELMFA3onf8PqEYes3Ba0e8bQ7ik7MSBe8oI1Juzi2zi72ZargIeoytv7Fe2pyvlEPC7VzPzruVzxjVjMVKDu_lA/s2560/040.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1536" data-original-width="2560" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_wffkzccmyBXMWZybqQBUZdnfP4FkQgre3oOiTjled5xdvjHRQU8wAC3qUhcsVpv14lEnkP_geJrLTllY7WHL3TIYMvUQ9oCqtgSELMFA3onf8PqEYes3Ba0e8bQ7ik7MSBe8oI1Juzi2zi72ZargIeoytv7Fe2pyvlEPC7VzPzruVzxjVjMVKDu_lA/w400-h240/040.jpg" width="400" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><div><br /></div>blograngelhttp://www.blogger.com/profile/13454826132311106892noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5762318599694955663.post-61642185995847066392022-04-12T19:23:00.003-03:002022-04-12T19:23:32.654-03:00A moça nua (Poesia)<div><br /></div><div><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: center;"><span style="font-size: 14.0pt;">A moça nua<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: center;"><span style="font-size: 8.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<h4 style="text-align: left;"><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: normal;">A moça linda estava
vestida</span></div><span style="font-weight: normal;"><div style="text-align: center;">mas a moça tão
bela estava nua</div><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">a mesma linda e
bela moça</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">mas uma vestida e
outra nua</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">perante o meu
olhar</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;"> </div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">qualquer pessoa
poderia dizer</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">que roupa bonita
nesta bela moça</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">mas o apaixonado
certamente diria</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">que corpo lindo é
desta mulher</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">assim tão belo e
todo em nudez</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;"> </div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">e eu era o
apaixonado</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">por isso despi a
mulher de toda roupa</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">e deixei o meu
olhar avistar somente</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">o jardim de
flores perfumadas</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">e borboletas
enlaçadas em valsa de paixão.</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;"> </div></span></span></h4><h4 style="text-align: center;"><span style="font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Rangel Alves da
Costa</span></span></h4>
<br /></div>blograngelhttp://www.blogger.com/profile/13454826132311106892noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5762318599694955663.post-45099388672165470272022-04-12T19:21:00.005-03:002022-04-12T19:21:45.670-03:00Palavra Solta – silêncios e saudades<div><br /></div><div><p class="MsoNoSpacing"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">*Rangel Alves da Costa</span></b><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span><span style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"> </span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Instantes no campo, nos afastados da cidade. Aí
e ao redor, apenas um silêncio envelhecido. Não tanta mudez assim. A ventania
sopra, a folhagem farfalha, um bicho de mato faz barulho entre os tufos
catingueiros. Já não há mais cheiro de café torrado, batido em pilão e coado na
velha arupemba. Não há cheiro do caldo grosso do café se derramando sobre o
braseiro no fogo de chão. Também não há cheiro de cuscuz no fogo nem de tripa
de porco chiando na estaladeira. Mas tudo bem. É um silêncio de paz, de
sabedoria, de memória e reencontro. Não há carro parado com mala aberta e
barulho insuportável de tudo o que não presta. Não há garrafa sendo quebrada
nem ameaças de um ao outro. Não há olhares despertando estranhezas nem os
inimigos invisíveis de cada esquina. Não passa o vergonhoso modismo nem as
perdições da cidade. O carro da polícia não precisa ser chamado nem se ouve a
arrogância do motor da moto. Ao contrário, pois por ali corre um preá, mais
adiante o cachorro faz carreira atrás de qualquer coisa. E, por todo lado, uma
natureza solene e majestosa. Um silêncio cuja voz interior é ouvida em palavras
de agradecimentos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Escritor<o:p></o:p></span></p><br /></div>blograngelhttp://www.blogger.com/profile/13454826132311106892noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5762318599694955663.post-27571690580849689092022-04-11T17:56:00.004-03:002022-04-11T17:56:33.720-03:00TEXTO IMPRÓPRIO PARA MENORES DE DEZOITO ANOS<div><br /></div><div><p align="left" class="MsoNoSpacing" style="text-align: left;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">*Rangel Alves da Costa</span></b><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p align="left" class="MsoNoSpacing" style="text-align: left;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Noutros idos – ou mesmo num passado recente
-, os pais e familiares definiam, pela linha de idade dos filhos, o que lhes
era permitido ou não fazer. Pelo respeito e autoridade familiar, as observações
eram geralmente acatadas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Assim, a criança não podia exceder em
atitudes que fossem inapropriadas à sua fase de vida. O adolescente deveria
possuir limitações em suas condutas familiares e no convívio com os demais,
principalmente perante outros adolescentes. O jovem igualmente tinha seus laços
estreitados perante diversas práticas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Mesmo já caminhando para a idade adulta – que
geralmente era tida apenas dos dezoito anos acima -, aquele jovem era
aconselhado a não pular demais a cerca, a ter cuidado com as relações, a ter
máxima atenção com as amizades. Qualquer avanço ou falta de freio nas condutas
e atitudes, tudo já motivava extrema preocupação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Quando homem, ainda assim os pais tentavam a
todo custo manter uma certa castidade, de modo a não implicar em engravidamento
cedo demais de qualquer donzela, e assim prejudicar todo o seu futuro. Quando
mulher, então as rédeas eram ainda mais encurtadas, vez que a juventude deveria
ser mantida em véu de pureza e de virgindade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Ademais, a prole, que fosse homem ou mulher,
sempre estava à vista dos pais mais responsáveis e preocupados com o futuro dos
seus. Sair com determinados amigos nem pensar. Estar com namoricos às
escondidas, de jeito nenhum. Usar bebida e droga seria o fim do mundo. Saber a
hora de sair e principalmente de voltar. Dar a benção aos pais e aos mais
velhos e prestar contas de todos os feitos do dia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Então o pai dizia: Quem anda com gente ruim
só procura o que não presta. Certas amizades são como esgotos abertos esperando
o primeiro passo. Uma amizade ruim é o caminho para o mal, para a violência,
para tudo o que não presta. Não há pessoa de má fama que queira levar alguém
para o bem. Sabe que vai afundar, mas sempre quer afundar o outro primeiro.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="512" data-original-width="501" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMFYrwRBZYJGXqwI-_ZXdr7fxPc3uObZhoQmJHQvEouVo9jpI1Qj6SX0uTYbQ93X79GZBDfUdV5txmkZD43BsUN99HHH4gg7gxlMun865yfhGEzaqS0dq81VqJsVXFxgVkb0lAth_QvnbA-skFC_TW5n-qWS_vZCbGFmi9Ufj9fhkIorY9UibodNh-hQ/w391-h400/unnamed.jpg" width="391" /></div><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">E o filho acatava, ou geralmente acatava.
Sabia que sua família prestava atenção a tudo e jamais admitiria que
transgredisse os seus pedidos e suas lições. Igualmente sabia que qualquer
transgressão seria motivo de cobranças e de castigos. Até queria ter mais
liberdade para liberar seus anseios e conhecer novas realidades, mas sabia que
bastaria um passo em falso para perder o afeto familiar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Então a mãe dizia: Sua idade ainda não é de
namoro nem de paqueras às escondidas. Sua idade é de estudar e de buscar, desde
agora, um caminho seguro na vida. Não há homem que não queira se aproveitar de
sua idade, de sua inocência e de sua fragilidade. Querem usar e abusar e depois
fazer de conta que foi apenas mais uma. Sua idade é de viver, de ser feliz, de
ir criando consciência do que deseja de bom e do melhor para o seu mundo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">E a filha acatava, pois sabia que a mãe
jamais lhe ensinaria o caminho errado. Contudo, aos poucos, com os progressos e
a dita modernidade, as autoridades familiares foram se afrouxando, as relações
entre pais e filhos foram se deteriorando, até chegar ao ponto de viverem como
estranhos dentro do mesmo lar. O filho sai a hora que quer e volta a hora que
quer, faz a amizade que quiser, e tudo como se estivesse perfeitamente bem, na
maior normalidade do mundo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Mas até o instante em que a corda arrebenta.
E as consequências são terríveis e desastrosas. A perda da autoridade, do senso
de proteção e do afeto familiar, acaba tornando os lares em verdadeiros
redemoinhos de convívio. Por deixarem afrontar demais suas autoridades, muitos
pais sequer possuem poder de exigir nada dos seus.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Hoje em dia, qualquer conselho, qualquer
lição ou qualquer realidade demonstrada pelos fatos, já não cabe na maioria das
relações familiares. Por mais que os pais digam, repitam e insistam onde está o
bem e onde está o mal, os filhos simplesmente ignoram e fazem o que bem
entenderem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Quer dizer, o livro das boas condutas
simplesmente se tornou impróprio para menores de dezoito anos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span><span style="text-indent: 35.45pt;"> </span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Escritor<o:p></o:p></span></p><br /></div>blograngelhttp://www.blogger.com/profile/13454826132311106892noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5762318599694955663.post-66630584887624382472022-04-11T17:54:00.004-03:002022-04-11T17:54:19.536-03:00Lá no meu Sertão...<div><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Pelos Sertões...</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="624" data-original-width="549" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZr5RoMUuhYXKvfq8APJb_0C9dO_VLQtWaC5x0N3cAUJqL71S0435WvZIEcXHFsNLz_NkBa0YNU0SAdHkLYzC8VRcbOBkSBz1aww8UXf5mMjWz7FMbefpOuE-XKz95GIXnZlSkyhDOYci6leoXDfcBc-w_Qc2tDbKJHSueWL1DYW8pWskG5_6f7SCVaA/w353-h400/IMG_20210814_075417905%20(1).jpg" width="353" /></div><br /><div><br /></div>blograngelhttp://www.blogger.com/profile/13454826132311106892noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5762318599694955663.post-50363132200858164542022-04-11T17:52:00.002-03:002022-04-11T17:52:10.044-03:00Retratos na parede (Poesia)<div><br /></div><div><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: center;"><span style="font-size: 14.0pt;">Retratos na parede</span></p><h4 style="text-align: left;"><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><br /></span></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Pela janela
aberta</span></span></div><span style="font-weight: normal;"><div style="text-align: center;">as folhas secas
deitam sobre a sala</div><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">enquanto os meus
passos lentos</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">caminham pelos
corredores</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">e os meus olhos
vão avistando</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">os retratos nas
molduras da parede</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">feições que
parecem sorrir</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">olhares que
parecem avistar</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">meu semblante
cheio de saudades</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;"> </div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">entre silêncios e
vozes mudas</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">entre canções e
rezas antigas</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">entre mãos que se
buscam</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">e afetos
presentes e tão distantes</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">então diante um
olhar no retrato</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">sinto minha voz
em plena confissão:</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">“Um dia, minha mãe, tocarei</div> </span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">novamente em tua
bela face”.</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;"> </div></span></span></h4><h4 style="text-align: center;"><span style="font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Rangel Alves da
Costa</span></span></h4><div><span style="font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><br /></span></span></div>
<br /></div>blograngelhttp://www.blogger.com/profile/13454826132311106892noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5762318599694955663.post-9185219380475099632022-04-11T17:49:00.003-03:002022-04-11T17:49:19.343-03:00Palavra Solta – em preto e branco<div><br /></div><div><p class="MsoNoSpacing"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">*Rangel Alves da Costa</span></b><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing"><br /></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Enquanto o vento soprava e as folhagens secas
iam esvoaçando, eu olhava o mundo, e todo o seu colorido se tornava em preto e
branco. Eu não tinha ilusões. Os anos foram passando, a ventania foi
aumentando, e o colorido das ilusões em outono se tornou. Não, não bastam as
ilusões da grandeza, da imortal beleza, dos egoísmos e das vaidades. Tudo
passa. Por mais que os olhos do mundo queiram sempre avistar as cores de sua
conveniência, basta o silêncio e a reflexão para que as reais cores, os
verdadeiros matizes, surjam no olhar interior. É dentro da gente que está a
compreensão de tudo. E não adianta fingir. E sábio será aquele que souber
avistar as reais cores da vida perante as ilusões dos brilhos e das fantasias.
Eu tive sorte sim. Desde o passado que não me deixei levar por tais ilusões.
Enquanto tudo brilhava, eu avistava os ocres outonais. Eu avistava por dentro o
acinzentado do mundo. Eu via em preto e branco o que fingem ter outras cores. E
hoje, quando olho ao redor e vejo o vento soprando, as folhagens esvoaçando,
então digo a mim mesmo: Tudo passa...</span><span style="text-indent: 35.45pt;"> </span></p>
<h4 style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> <span style="font-weight: normal;"><br /></span></o:p></span><span style="font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Escritor<br /></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">blograngel-sertao.blogspot.com</span></span></h4>
<br /></div>blograngelhttp://www.blogger.com/profile/13454826132311106892noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5762318599694955663.post-61259904882256742092022-04-10T20:45:00.004-03:002022-04-10T20:45:44.961-03:00QUANDO O JARDIM FLORESCEU E EU NÃO VI<div><br /></div><div><p align="left" class="MsoNoSpacing" style="text-align: left;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">*Rangel Alves da Costa</span></b><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p align="left" class="MsoNoSpacing" style="text-align: left;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Agora espantando, apenas ter a certeza que o
jardim floresceu e eu não vi...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Meses e meses, dias e dias, horas e mais
horas, um período inteiro esperando o jardim florescer, mas quando ele brotou
suas flores, seus aromas, suas pétalas, seus perfumes e suas brilhosas cores, infelizmente
eu não. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Uma terrível ânsia em ter diante do olhar as
cores de uma estação de paz, de alegria, de felicidades. Toda manhã abrir a
janela, colocar cadeira rente aos canteiros, fixar o olhar perante as plantas
gestando, mas de repente não poder fruir das belezas tão esperadas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Vou confessar uma coisa: a ânsia pela espera
das flores no jardim, aos poucos foi sendo tomada por outros tipos de ânsias. A
ânsia de me dissipar da mesmice dos dias e das horas, do tempo passando e nada
acontecendo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Fui entristecendo. A espera do florescimento
do jardim foi se transformando apenas numa ilusão. Meu interior já havia
absorvido os medos comuns dos humanos, as solidões dos exílios, as tristezas e
angústias tão presentes nos solitários.</span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Certa manhã eu saí e não percebi a chuva que
caía em profusão. Caminhando, gotejando de pingos d’água, mas era como se nada
estivesse acontecendo ao redor. Talvez trovões e relâmpagos estivessem sobre
minha cabeça, mas era como nada existir.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Outro dia, sentando num velho banco de
madeira, pássaros pousaram em meu umbro, brincaram, cantarolaram, voejaram e
retornaram, e eu me comportando apenas como uma estátua, como que petrificado,
na mais pura insensibilidade. Eu não sou assim. Eu não era assim. Nunca fui
assim. E por que de repente essa fuga perante as belezas da vida?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Certamente as folhas de relva de Walt Whitman
não me despertariam sensibilidade alguma. A Menina Doente, de Edvard Munch,
talvez fosse avistada como uma pintura qualquer. Talvez a música de
Tchaikovsky, as valsas de Strauss, os sonetos e os noturnos de Chopin, nada
disso me tiraria da apatia perante a beleza, o sensível e o singelo. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="225" data-original-width="225" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAN-KqCe4jWobXQhdFQZvTHdJzSPAiTVLsLC_jIxQ3AAjP_53YFHLEOiTxTYed76pvBz1yXTZm1d6KcIQ1yYvqDNKhXMtaGCm37Q59aVElNxqGohcLoFuqOEtUNITBGdtb81R45lP_PUKEDmq154ML0aPsXlkyn6m8dj9UGaEQeN9bRBc4VLnIUK7IPQ/w400-h400/download.jpg" width="400" /></div><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Mas eu nunca fui assim.</span> <span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">E por que de repente essa fuga perante as
belezas da vida? Verdade que no passado eu tive medo de não compreender a
diferença de uma flor de plástica de uma flor colhida em jardim. Eu tive medo
de sentir a ventania e imaginar sendo tocada por suave brisa. E por isso mesmo
jamais que a sensibilidade se afastasse de mim.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Somente através da sensibilidade, da certeza
que espírito e alma fazem suas escolhas certas, e da necessidade de ter e fruir
a emoção, é que a pessoa pode dialogar com as belezas da vida como em passo de
valsa. Eu jamais poderia perder o poder do encantamento, da surpresa boa, do sentimento
mágico aflorado, da afetividade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Por isso mesmo que me pus a esperar o jardim
florescer. Uma expectativa maravilhosa, pois o brotar das pétalas, o brilhar
das flores, a visão das abelhas e colibris rodeando os coloridos canteiros,
tudo isso me seria essencial como força de vida, como sopro e ânimo para
alimentar as forças boas interiores.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">A espera foi se alongando demais. A sensação
cansativa e entediante do nada acontecido, certamente foi tornando a
expectativa em tanto faz. Duro dizer, mas assim insiste em acontecer em tudo e
sobre tudo. Mas não por culpa nossa. Apenas pela perda dos bons sentimentos. De
repente é como se não tivéssemos mais tempo de buscar a vivência com as coisas
sagradas e belas da vida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Difícil esperar o jardim florescer quando as
realidades do mundo estão se tornando uma enxurrada de guerras, de mortes, de
dores e sofrimentos. Difícil a sentimentalização do olhar quando as ruas estão
cheias de violências, de falsidades, de atrocidades. Ninguém consegue pensar em
flores perante o preço do arroz, da carne, do feijão, do gás, da conta da
farmácia e da luz.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Mas o jardim floresceu. Triste a certeza que
surge, mas quando o jardim floresceu e eu não vi. Hoje abri a janela, depois a
porta e caminhei até os canteiros. Tarde demais. Tudo seco, acinzentado, com
folhas mortas e galhos pendidos. Apenas um retrato fiel da vida e do mundo e do
mundo de agora.</span><span style="text-indent: 35.45pt;"> </span></p><div style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Escritor</span></div><br /></div>blograngelhttp://www.blogger.com/profile/13454826132311106892noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5762318599694955663.post-84538200580642813392022-04-10T20:42:00.003-03:002022-04-10T20:42:17.883-03:00Lá no meu Sertão...<div><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Alimentando a Fé...</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="732" data-original-width="549" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7tQVYRIvWlsXTWpea27WWNq31ot6iI3NP_L_O7M97y63jC7-KDLsVgZASf2Gqo4nhQSua5PpUBEBVl2jvhnkF0O3uxTZelirCCcwyeYcrBFVG4CJe6CiqNOUq-Kv4OXP32y6heuefwH9U-XhsJZ5q-FK38N26DQMsolL9yJ1Vl8R8dhAQaPNWS-HgVw/w300-h400/IMG_20220122_103917538%20(2).jpg" width="300" /></div><br /><div><br /></div>blograngelhttp://www.blogger.com/profile/13454826132311106892noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5762318599694955663.post-81421046898276115072022-04-10T20:40:00.003-03:002022-04-10T20:40:28.450-03:00O beijo (Poesia)<div><br /></div><div><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: center;"><span style="font-size: 14.0pt;">O beijo</span></p><h4 style="text-align: left;"><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: normal;"> </span></div><span style="font-weight: normal;"><div style="text-align: center;">O beijo</div><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">com asas</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">com sopro</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">com voo</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">com nuvem</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">e espaço</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;"> </div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">eu era menino</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">no primeiro beijo</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">e me fiz
passarinho</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">assim que beijei</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;"> </div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">o lábio toquei</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">e tão leve fiquei</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">que subi e subi</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">e no beijo avoei</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">com asas na boca</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">na nuvem fiquei.</div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;"> </div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;"> </div></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><div style="text-align: center;">Rangel Alves da
Costa</div></span></span></h4>
<br /></div>blograngelhttp://www.blogger.com/profile/13454826132311106892noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5762318599694955663.post-52871037658062810222022-04-10T20:39:00.000-03:002022-04-10T20:39:05.967-03:00Palavra Solta – felicidade não se compra<div><br /></div><div><p class="MsoNoSpacing"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">*Rangel Alves da Costa</span></b><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Quem possui sentimento de humildade,
dificilmente estará apegado a bens ou coisas materiais. O ter significa apenas
uma necessidade, não um luxo ou meio de ostentação. Há pessoas, contudo, que
forjam o ter como forma de demonstração de felicidade, de poder, de
diferenciamento social. Mas aí as aparências servindo apenas para esconder os
reais sentimentos. E assim por que não há sorriso bonito sendo forjado, não há
feição tomada de contentamento se o corpo e a alma estão apreensivos e
descontentes, não há verdadeiro viver se a vida foi construída ou está sendo
mantida sobre castelos de areia. Somente é verdadeira a felicidade espontânea,
nascida da conquista ou do reconhecimento de cada um de suas limitações. E para
ser ato de normalidade, sem repentinos altos e baixos, o sentido da felicidade
deve estar alicerçado na real valorização que cada um faz de si mesmo. Ora,
quando mascarada ou mantida em fingimento, a felicidade acaba se tornando um
fardo a ser carregado. É possível mascará-la sempre? Nunca. Sorrisos dourados
não significam nada. Se o coração não está sorridente e confortado, de nada
adianta um rosto aberto e mãos brilhando de diamantes. Carro de luxo não traz
felicidade, anéis dourados não trazem felicidade, casarão de moradia não
felicidade, ostentar que possui muito dinheiro e outras riquezas não traz
felicidade. Será que pode ser feliz aquele pobre casal que vive embrenhado nos
cafundós do sertão? Será que traz consigo a felicidade aquela mocinha de
chinelo barato no pé e vestido de chita? Será que encontra motivos de
felicidades aquele rapazinho que sabe que tem pouco e por isso não vai além do
que tem? Sim. Ninguém vai ao supermercado comprar dois pacotes de felicidade,
ninguém entra num banco para sacar um milhão de felicidades, ninguém entra numa
loja chique para se vestir e revestir de felicidade. A felicidade não se
compra.</span><span style="text-indent: 35.45pt;"> </span></p>
<h4 style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> <span style="font-weight: normal;"><br /></span></o:p></span><span style="font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Escritor<br /></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">blograngel-sertao.blogspot.com</span></span></h4>
<br /></div>blograngelhttp://www.blogger.com/profile/13454826132311106892noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5762318599694955663.post-21378010394321919492022-03-27T19:16:00.002-03:002022-03-27T19:16:08.198-03:00ATAQUE DOS CACHORROS<div><br /></div><div><p align="left" class="MsoNoSpacing" style="text-align: left;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">*Rangel Alves da Costa</span></b><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p align="left" class="MsoNoSpacing" style="text-align: left;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Poderia ser Ataque dos Cães, mas melhor
Ataque dos Cachorros mesmo. E assim por que a selvageria é a mesma, a
voracidade é a mesma, a mordida por gestos e atitudes é a mesma.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Que mundo selvagem este. Não mais aquele
tempo de conquistas do velho oeste americano, de saloons com seus bêbados
violentos, de carruagens sendo atacadas por índios ferozes, de xerifes com
estrela no peito, de duelos ao pôr do sol.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Mas um mundo de asfalto, de modernidade e as
mesmas violências. Mas com uma violência pior ainda: a perda da paz interior
pelos ataques dos cachorros ao redor. Todos humanos, porém.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Quando os cachorros humanos se põem ao ataque
- e sempre atacam a todo instante – não há mais liberdade, não há mais
integrante física ou mental, não há mais direito de escolha, não há mais cada
um sendo dono de sua própria vida. Logo chegam os ataques e as mordidas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Os carnívoros humanos agem quase sempre iguais
aos animais, aos canídeos. Muitas vezes se mostram mansos, mas apenas um
disfarce às suas pretensões. Com instinto de traição, e de repente já estão
avançando com unhas e dentes sobre sua presa. Sempre rosnam, sempre uivam, mas
não pela valentia, e sim para atemorizar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">E assim o homem vai se tornando presa do
homem, do cachorro em sua mais deplorável concepção. Ora, quando se diz que determinado
sujeito é um cachorro, quis dizer que não vale nada. Quando diz que é pior de
cachorro, então coloco o outro na fundura da desonra.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="509" data-original-width="790" height="258" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4kD_JxqDh3NeZ9_TbAOxP42eLXsnXStrxTW18oC_-KOuL-4KtN0xS-VZfy_dWIn9RnglXGPIy6s3DJsbSTFYsqzyLr8MGpO5hnD9MqZ05XKwj7e5fbJ1WwNMYqXportjW1f-xegFvOFOJTlC-HuXwbBin5vqiQU4Mc0SBInAXatpuU4qgl3dpl_9JTQ/w400-h258/cachorro_bravo_790x505_03082018173136.jpg" width="400" /></div><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Certamente que os cães não merecem tais
comparativos com os humanos. O cachorro de rua, também conhecido como
vira-lata, possui personalidade animal muito superior à humana. Mesmo sendo de
rua, ataca quando é atacado, andeja para sobreviver, possui sua vida de esquina
e esquina sem se importar nem ter inveja do cachorro da madame ou do cão de
raça bem protegido atrás do muro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">O cachorro humano – voltando à caracterização
desprezível que muitos indivíduos possuem – é certamente o pior animal do
mundo. O canídeo não mente pretensiosamente, o carnívoro não trai por exacerbação
de maldade, o cachorro não apunhala falsamente o outro da espécie pelas costas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">O pior é que ninguém, absolutamente ninguém,
está devidamente protegido dos ataques dos cachorros humanos. Parece uma horda
faminta por ferir, por denegrir, por macular, por desonrar, por atingir de
qualquer modo a paz do outro. Com palavras, gestos e atitudes, que são mais
perigosos que o veneno, então vão espalhando os seus ódios e suas desumanidades
sobre todos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Quando atacam, e sempre atacam, os cachorros
humanos gostam de escolher aspectos sensíveis ao outro. Ora, o que uma pessoa
tem a ver com as escolhas do outro, com a vida sexual do outro, com a opção sexual
do outro, com a cor da pele do outro, com a condição socioeconômica do outro?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Mas sempre tem e sempre ataca. Não gosto de
preto, não gosto de pobre, não gosto de viado nem de sapatão, não gosto de quem
luta honestamente para sobreviver, não gosto que seja um centímetro maior do
que eu. O outro tem que ser mais baixo, e em tudo. E tem que se ajoelhar
perante às suas maldades. E há muito cachorro pensando e agindo assim.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">E uma difícil luta contra os ataques dos
cachorros. A vida íntima de cada um parece ser vigiada a todo instante. Quando
não há nada a ser dito, então a mentira toma o lugar da verdade. E daí em
diante as fofocas cumprem o seu papel de macular as inocências e as boas
atitudes daqueles que estão de janelas e portas fechadas exatamente para se
proteger do ataque dos cachorros.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Mas, como dito, não há jeito. Os cachorros
sempre atacam.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span><span style="text-indent: 35.45pt;"> </span></p>
<h4 style="text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Escritor<br /></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">blograngel-sertao.blogspot.com</span></span></h4>
<br /></div>blograngelhttp://www.blogger.com/profile/13454826132311106892noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5762318599694955663.post-21540718509725493892022-03-27T19:13:00.006-03:002022-03-27T19:13:56.295-03:00Lá no meu Sertão...<div><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Sertão...</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="1536" data-original-width="2289" height="269" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVcI0fnrUzPraMp94wywOFInPUpa1Yeql1BRpEtl9VcPklkHRLBN-J-Q2OM19kat-nITzmzb8G4XLOe3XPv7m_bEEtuoHcWjdYA9JUZ9l5FRy_ysg2Bf3vPTm_UNiERd-g44OZSdnWRpnJ5ozr9g7eLHgovolzXo8dkqhsXc3DXThS2r4EZMlj-rlo4A/w400-h269/003.jpg" width="400" /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpgP_IjJrCHFJRWa6-bAlHh1Ibd-e95H2bZs4lqFxjZkOIzQGNW7s_dd5C-9LEWo1mC6oBTwoD0NIYkOFaFIVBH0iZruz-EI3h73yc7f9sp0a9Vpws-cOdSRiJYpajjd1AzyE9Ape6XyQQjWqno27dOsX3hdBPcQbgCl3q74OTW_Zq5_UekwL7rl54CQ/s2560/004.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1536" data-original-width="2560" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpgP_IjJrCHFJRWa6-bAlHh1Ibd-e95H2bZs4lqFxjZkOIzQGNW7s_dd5C-9LEWo1mC6oBTwoD0NIYkOFaFIVBH0iZruz-EI3h73yc7f9sp0a9Vpws-cOdSRiJYpajjd1AzyE9Ape6XyQQjWqno27dOsX3hdBPcQbgCl3q74OTW_Zq5_UekwL7rl54CQ/w400-h240/004.jpg" width="400" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><div><br /></div>blograngelhttp://www.blogger.com/profile/13454826132311106892noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5762318599694955663.post-23870429034079410432022-03-27T19:11:00.007-03:002022-03-27T19:11:49.362-03:00Poesia (Poesia)<div><br /></div><div><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: center;"><span style="font-size: 14.0pt;">Poesia</span></p><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: normal;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><div style="text-align: center;">Menina bonita</div><span style="font-weight: normal;"><div style="text-align: center;">não sou poeta</div></span><span style="font-weight: normal;"><div style="text-align: center;">não sei versejar</div></span><span style="font-weight: normal;"><div style="text-align: center;">nem rimar bonito</div></span><span style="font-weight: normal;"><div style="text-align: center;">verso e palavra</div></span><span style="font-weight: normal;"><div style="text-align: center;">que digam em
métricas</div></span><span style="font-weight: normal;"><div style="text-align: center;">sonetos e
redondilhas</div></span><span style="font-weight: normal;"><div style="text-align: center;">o que verdadeiro
sinto</div></span><span style="font-weight: normal;"><div style="text-align: center;">e imensamente
sinto</div></span><span style="font-weight: normal;"><div style="text-align: center;">por você</div></span></div><h4 style="text-align: left;"><div style="text-align: center;"><span style="font-weight: normal;">e por não ser
poeta</span></div><span style="font-weight: normal;"><div style="text-align: center;">digo o que sei
dizer</div></span><span style="font-weight: normal;"><div style="text-align: center;">digo o que sei
sentir</div></span><span style="font-weight: normal;"><div style="text-align: center;">“te amo demais”</div></span><span style="font-weight: normal;"><div style="text-align: center;">só isso.</div></span><span style="font-weight: normal;"><div style="text-align: center;"> </div></span></h4><h4 style="text-align: center;"><span style="font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Rangel Alves da
Costa</span></span></h4>
<br /></div>blograngelhttp://www.blogger.com/profile/13454826132311106892noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5762318599694955663.post-85781672366706135742022-03-27T19:08:00.005-03:002022-03-27T19:08:44.453-03:00Palavra Solta – cartas do tempo<div><br /></div><div><p class="MsoNoSpacing"></p><p class="MsoNoSpacing"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">*Rangel Alves da Costa</span></b><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span><span style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"> </span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Numa velha casa, numa velha moradia nas distâncias
da cidade, as cartas do tempo. Aí eu sentaria e passaria noites e dias.
Buscaria um tamborete, um caderno de escola, uma caneta ou lápis, e então
rabiscaria, na calma e paciência do mato, o que a frieza e feiura da cidade não
me deixam escrever. Há um silêncio e um ocre de solidão, mas não tem nada disso
não. O mundo-mato é assim mesmo, com vento soprando e folha voejando em meio ao
pó e ao pingo de chuva tão esperado. Cada letra vai caindo como fruto maduro da
velha árvore. “Porta e janelas fechadas, sem ninguém que soltasse uma voz, mas
ainda assim havia um cheiro bom de café torrado e de toucinho chiando na
frigideira...”. “O retrato na parede parecia me chamar. Um dia eu fui. A velha
moldura me abraçou e eu senti um cheiro bom de lavanda. Eu conhecia aquele
cheiro. E senti saudade e chorei...”. “A capela estava fechada, mas ouvi e
senti o badalar do sino, as beatas em louvação, o xale encobrindo os olhos e
rosários correndo sua fé pelas mãos magras. A igreja era um céu, cada ladainha
era um jardim florido. Paraíso que não existe mais...”. Por isso que aí eu
sentaria para escrever tudo isso. Mas só tenho o retrato diante de mim. E uma
vontade danada de entrar na moldura e viver e ser o mundo que eu quero ser e
viver. O mundo apenas sertão.<o:p></o:p></span></p>
<h4 style="text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Escritor<br /></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">blograngel-sertao.blogspot.com</span></span></h4>
<br /><p></p></div>blograngelhttp://www.blogger.com/profile/13454826132311106892noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5762318599694955663.post-44621364049511332492022-03-06T21:01:00.004-03:002022-03-06T21:01:19.575-03:00DORES DA GUERRA <div><br /></div><div><p align="left" class="MsoNoSpacing" style="text-align: left;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">*Rangel Alves da Costa</span></b><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p align="left" class="MsoNoSpacing" style="text-align: left;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">As imagens são fortes demais. Mil textos e
reportagens não traduzem uma imagem de uma família morta pelos russos em pleno
corredor de fuga.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Velhos e velhas saindo dos escombros para
depois caminhar levando somente uma trouxa de roupas ou de qualquer coisa.
Cabeças abaixadas, talvez tanto faz que mais um ataque lhes tire de vez a vida.
Ela já está sendo retirada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Pais e mães carregando filhos sem qualquer
direção. Filas e mais filas de pessoas sem qualquer direção. Ao longe e pelos arredores,
somente a fumaça das ferozes investidas e os destroços do que historicamente
existiu.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Roupas grossas tentam proteger do frio ou dos
infortúnios de mais adiante. Dificilmente se avista alguém levando mala ou uma
porção maior de suas posses. As pessoas apenas seguem e tudo vai ficando para
trás. E com a terrível incerteza de algum dia voltarão.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Edifícios grandes atingindo por foguetes.
Prédios históricos sendo derrubados pela insana artilharia. Escombros e restos
por todos os lugares. Incêndios e chamas são avistados pelos horizontes. E os
ataques avançado sobre vidas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Mas quem está fazendo tudo isso? Quem está
matando um país inteiro? Os comandantes e os poderosos não estão ali, não estão
nas frentes de batalha. São jovens, quase meninos, que são forçados a investir
e matar outros jovens e meninos, mas também pessoas de todas as idades.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="1024" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEi-XCbVb4G_wF5JJFs9ygvcuzl5Nk5PnF6sqcpe8zu82SwVH8cOl_Rej8-2dCdTukjn1n7aS-2nKaKh5h38k9-GuNi0dE3vp02QKXZCWzb3KhRLVml6KUHNaM_ShFMIxIWwQjMdp7g0xRUiLR-kt-Ra3X4OFVFZRnMT7VqjSdOpR0sNvpBEbkVGaWTWYQ=w400-h300" width="400" /></div><p></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Putin está em sua fortaleza de proteção nuclear.
Seus principais comandantes apenas dão ordens sem sair da proteção. Mas pelas
estadas e ruas da Ucrânia milhares de enviados levando a morte em seus tanques
e armas. Muitos desses jovens sequer sabem os reais motivos de estarem ali
ceifando tantas inocentes vidas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">A salvação é a fronteira. Todos fogem e todos
correm para as fronteiras. Casas, bens, roupas, móveis, vidas longamente
construídas, tudo vai ficando para trás. Tenta-se salvar apenas a vida, o sopro
no espírito que ainda lhes resta.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Um filho vai carregando a mãe nas costas. Um
pai vai tentar conter o choro, a fome e a sede do filho. Não há nem tempo de
olhar para trás ou de retornar para pegar o pão e a garrafa de leite. Sua casa
já está em chamas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">As ruas parecem vazias, com apenas os focos
de incêndios e os escombros marcando presença. Mas assim porque as fotografias
não falam, não gritam, não agonizam, não choram a dor do espanto e da morte.
Por todo lugar, quantos gritos, quantos choros, quantos berros aflitos?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">E quantos sons ensurdecedores de tiros e
bombardeios, de aviões mortais que passam rasantes, dos mísseis cruzando os ares,
do terror avassalador por todo lugar? E pelos canais televisivos o “filho da
putin” mandando avançar mais, ordenando mais ataques e mais mortes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Como dito, as imagens que chegam são
suficientes para mostrar a dimensão desumana e terrificante dessa guerra
forjada objetivando a usurpação de um povo e sua pátria. As imagens, contudo,
não mostram os olhos das crianças e dos idosos ucranianos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Mas vejo e sinto cada face e cada olhar. Não
há palavra que expresse o que vejo e sinto, contudo. Não há mais olhar, apenas
a reflexão do medo, a profundidade da dor e o negrume da desesperança.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">E eu aqui sabendo que logo estarei em minha
cama, que tenho comida quente e uma porta e janela para fechar. E eu aqui
pensando que tenho pouco e que me falta muito. E eu aqui pensando que sou
infeliz.<o:p></o:p></span></p>
<h4 style="text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> <br /></o:p></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Escritor<br /></span><span style="mso-bidi-font-size: 12.0pt;">blograngel-sertao.blogspot.com </span></span></h4>
<br /></div>blograngelhttp://www.blogger.com/profile/13454826132311106892noreply@blogger.com0