SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sexta-feira, 2 de novembro de 2012



CHAMADO DE DEUS!
BOA VIAGEM MEU BOM SERTANEJO, BOA VIAGEM MEU PAI!


Alcino Alves Costa
17/06/1940 – 01/11/2012

ALCINO, MEU PAI: RETRATO INACABADO - VI (Crônica)


Rangel Alves da Costa*


Uma poesia de Drummond, “Confidências do Itabirano”, servirá para demonstrar alguns aspectos que tão bem caracterizaram Alcino Alves Costa. Diz o poeta maior:
Alguns anos vivi em Itabira/ Principalmente nasci em Itabira/ Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro/ Noventa por cento de ferro nas calçadas/ Oitenta por cento de ferro nas almas/ E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação/ A vontade de amar, que me paralisa o trabalho/ vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes/ E o hábito de sofrer, que tanto me diverte/ é doce herança itabirana/ De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:/ esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil/ este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval/ este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas/ este orgulho, esta cabeça baixa.../ Tive ouro, tive gado, tive fazendas/ Hoje sou funcionário público/ Itabira é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói!”.
Com Alcino aconteceu do mesmo jeito, só que sempre viveu em Nossa Senhora da Conceição do Poço Redondo. Para ele, aquela terra sertaneja era santuário e refúgio, era o próprio paraíso doado por Deus, era lar e igreja, era casa e leito, era chão e alimento. Não viveria distante de Poço Redondo, não se sentiria nem existente nem existindo se não fosse caminhando pelas ruas, cortando os seus becos, sentando no banco da Praça da Matriz ao entardecer, tomando no corpo a ventania quente de mil sóis noite e dia.
Nos dias que teve de ficar em Aracaju em repouso por causa da enfermidade e mais próximo dos cuidados médicos especializados, só Deus sabe, e ele, como doeu estar distante de seu sertão, de seu lar de chão matuto. E tal distanciamento, como num banzo escravo, talvez tivesse lhe maltratado ainda mais.
Quem era amigo da terra, do bicho do mato, da catingueira, da umburana, do mandacaru e do xiquexique, do velho sertanejo, das histórias de outros tempos, dos tantos amigos que tinha por lá, certamente que amargava um sofrimento terrível pela distância imposta. Quando pedia para que colocassem suas músicas sertanejas, então seus olhos começavam a brilhar de forma diferente. Lágrimas no espelho.
No poema, Drummond diz que tem noventa por cento de ferro nas calçadas; oitenta por cento de ferro nas almas. Alcino, com a mais absoluta certeza, possuía cem por cento de ser, de espírito, de alma, de tudo que houvesse em si, de sua terra sertaneja. No seu pensamento, cujo desejo de demonstração de força impedia falar da tanta saudade que sentia, não povoava outra coisa senão o convívio com aquela realidade tão amada.
E certamente afligia a alma, apertava dolorosamente no coração, estar longe de seus rascunhos, de suas tantas histórias inacabadas, de seus livros sobre o cangaço e o sertão, de seus velhos discos sertanejos, de milhares de músicas escolhidas a dedo e colocadas em CDs, de suas anotações em qualquer folha, de seu quarto de dormir, de sua velha máquina de escrever e do computador que teve de aceitar. E das noites, das ruas, das calçadas amigas reconhecendo o seu irmão que passava.
Contudo, o que mais o poema reflete Alcino talvez seja a última estrofe: “Tive ouro, tive gado, tive fazendas/ Hoje sou funcionário público/ Itabira é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói!”. Pois Alcino também teve ouro, teve gado, teve fazendas. Por jamais ter sido materialista, apegado demais aos bens materiais, sua riqueza se dissipou como chegou. E tudo aquilo possuído um dia ficou apenas como um retrato na parede. Porém, sem doer.
E sem machucar porque a riqueza de Alcino era outra, e totalmente diferente do luxo, da posse, da propriedade. Sua grande fortuna – e isto de reconhecimento entre todos – era o conhecimento profundo dos caminhos e veredas do seu sertão. E dessa sabedoria levar ao conhecimento de todos, das novas e futuras gerações, as lutas travadas na terra, os tempos de cangaceiros e coronéis, as raízes históricas ainda não ressequidas.
E também cantar a flor sertaneja, o sertão da lua, da viola e do amor.
Continua...

  
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com   

Certeza (Poesia)



Certeza


Sei, não sei
se amo, amarei
se sou ou já fui
se estou ou se vou
partir ou ficar

isto ou aquilo
tanto faz
se sei ou não sei
se fui ou fiquei
se reconheço
estar ao teu lado
amando amado
duvidando tudo
menos do amor.

  
Rangel Alves da Costa

PALAVRAS SILENCIOSAS - 62


Rangel Alves da Costa*


“Qual presente ainda deseja receber?”.
“Tenho muitas vontades, muitos desejos...”.
“Todos realizáveis?”.
“Não. Muitas vezes é bom desejar o impossível...”.
“Por quê?”.
“Porque nos alicerça o desejo de realização...”.
“Firme sentimento de que é preciso encontrar...”.
“Eterna busca, meio de sustentação...”.
“São tantas coisas assim...”.
“Coisas difíceis ou impossíveis?”.
“Sim...”.
“Como a caixa de Pandora?”.
“Antes de ser aberta e espalhar os males do mundo...”.
“Como o fogo do Prometeu?”.
“Antes de ser roubado, deixando o seu poder à disposição dos deuses...”.
“Como o espelho d’água de Narciso...”.
“Para turvá-lo. O ser não vive simplesmente de sua beleza...”.
“Como o canto da sereia...”.
“Para fazê-la música sem enlouquecer, sem transtornar...”.
“Como a Tábua dos Dez Mandamentos?”.
“Para limpá-la, torná-la mais visível. O homem deixou de enxergá-la...”.
“Como o Cálice Sagrado?”.
“Para escondê-lo ainda mais. Para que o homem precisa ter nas mãos o mistério sagrado?”.
“Como os textos bíblicos apócrifos?”.
“Para juntá-los às escrituras oficiais. O homem deve cotejar os ensinamentos para aprender o que seja verdade, e não ser guiado e redirecionado apenas pelo desejo da Igreja...”.
“Como o pincel de Da Vinci?”.
“Para colocar ainda mistérios nos olhos da Gioconda...”.
“Como o Manto Sagrado?”.
“Para encobrir o meu Deus nas noites que sente frio dentro do meu coração...”.
“Como o rosto de Maomé?”.
“Para mostrar que a face se transforma em luz aos olhos de quem assim deseja...”.
“Como o livro não escrito?”.
“Para escrevê-lo com Jorge Amado, Marguerite Yourcenar, Pearl S. Buck, José Mauro de Vasconcelos...”.
“Como as Brumas de Avalon?”.
“Para fazê-la estrada para o cavaleiro tomado de fé e amor...”.
“Como a múmia do faraó...”.
“Para torná-la inacessível. O homem olha para a riqueza e não para a história...”.
“Como o ET solitário, perdido na terra?”.
“Para pedir desculpas, colocá-lo numa nave e vê-lo voltar...”.
“Como o vinho da noite?”.
“Para uni-lo ao sangue, à alma, ao espírito...”.
“Como a gota de orvalho?”.
“Para conhecer a beleza da vida...”.
“Como um entardecer na janela?”.
“Para pensar na vida...”.
“Como o silêncio?”.
“Para pensar em nós...”.
“Como o diário perdido...”.
“Para reencontrar-me criança...”.
“Como a folha seca?”
“Para escrever poesia e soltá-la na ventania...”.
“Como a vela acesa?”.
“Para ter um portal...”.
“Como a chama da vela?”.
“Para atravessar o portal...”.
“Como um oratório?”.
“Para a prece, a oração, o diálogo com Deus e os santos...”.
“Como um anjo da guarda?”.
“Também para mandar uma mensagem ao céu...”.
“E qual seria?”.
“Que o homem aprenda a amar além do amor que diz sentir. Um amor sentimento, e não apenas o amor da palavra!”.

  
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

ALCINO, MEU PAI: RETRATO INACABADO - V


Rangel Alves da Costa*


Tendo casado ainda rapazote e, portanto, sem ter tido tempo suficiente de aproveitar as ofertas próprias da solteirice, fato é que Alcino se tornou exímio galanteador e namorador já depois de família formada. Portanto, o seu envolvimento com outras mulheres mesmo já tendo esposa e filhos sempre foi uma de suas características mais criticadas, principalmente pela sociedade conservadora de então.
Jovem, bem simpático, líder político, prefeito de vez em quando, eram armas utilizadas por ele para enveredar pelos caminhos dos amores extraconjugais. Duvido que tenha se arrependido algum dia, e a verdade é que por muito tempo teve o prazer de ser um Don Juan dos sertões. Ora, sentia como coisa bonita, honra maior de um homem dizer que tinha mais de trinta filhos pelos quatro cantos. Eis um sempre questionável mérito de Alcino.
Mas tal fenômeno, ainda que esteja mais para o desavergonhamento, pode ser explicado. O poder com a simpatia são fatores importantes; a fama com a boa lábia também; e ainda mais a juventude unida a dois aspectos: o instante propício para os relacionamentos fáceis e as mulheres que se entregavam sem se importar com as consequências. Ora, ter uma relação com o prefeito, ser amante do líder, ou coisa desse quilate, deveria ser mesmo um orgulho ao avesso.
Mas pelo lado do próprio Alcino tal propensão pode ser explicada de modo diferente. Não duvido que a fama de mulherengo, de namorador e raparigueiro não lhe tenha entrado na mente como elemento de prestígio, de embevecimento, de confirmação e reafirmação de poder. Já tinha a força política, então buscava alargar seu prestígio espalhando um harém de mulheres em cada canto. Tanto foi assim – e continuou sendo – que jamais reclamou de ser visto com tal fama.
Assim, o espelho do poder não devia refletir apenas na sua força política. A sua realização só estaria completa se também fosse visto e comentado como aquele de tantas mulheres, de tantos filhos, disso e daquilo. Não acredito que nas suas aventuras extraconjugais tenha espalhado mais de trinta filhos como sempre apregoou.
São sete filhos com a esposa e mais seis com outras mulheres. Estes são conhecidos, confirmados. Já os outros estão mais para alimento do ego, para dar sustentação ao seu poder de atração e procriação. A psicologia explica essa busca de confirmação de poder também nas relações pessoais. Por isso não creio em tantos filhos como o próprio Alcino sempre insinuou. Mas, seja verdade ou não, outra coisa não se conclui senão essa vontade, essa pretensão exacerbada de ter feito realmente assim.
Daí também logo concluir-se que a sua radiola na pracinha, já tarde da noite, ecoando músicas sertanejas apaixonadas, não se devia somente ao seu gosto acentuado pelo cancioneiro caipira, mas também uma estratégia para dar voz ao seu donjuanismo. Assim, dali da pracinha, no silêncio da noite, cada música era cuidadosamente escolhida para mandar um recado amoroso àquela que bem queria, e que certamente espreitava pela fresta da janela, por cima do travesseiro, de coração apertado pelo secreto amor. E que tantas vezes não era tão secreto assim, pois até o marido corneado sabia.
Desse modo, dali da pracinha começava a libertar suas estrelas mensageiras. A radiola tocando em cima do banquinho da praça e ele pensando em alguém, lançando acenos ao vento, fazendo da brisa bilhetes. E certamente Moreninha Linda era pra uma, A Lua é Testemunha pra outra, Ingrata Morena ainda pra outra, e assim por diante. O repertório era imenso, as opções diversificadas. Mas será que Alcino tinha tantas assim?
Verdade é que tinha. Se não confirmasse, também ele não negava a ninguém. E não somente em Poço Redondo como nas cidades vizinhas. Tendo por profissão a de fiscal de tributos, mais conhecida na região como exator, quando não estava prefeito pedia para ser enviado para prestar serviços nas cidades vizinhas, Monte Alegre de Sergipe ou Canindé do São Francisco. Estratégias de conquistador.
E nestas cidades, principalmente Monte Alegre, onde ficava hospedado no Hotel de Odete, as peripécias amorosas de Alcino corriam soltas. Ora, se na própria cidade onde vivia sua esposa, seus filhos, seus pais e demais conhecidos, ele encontrava encorajamento para viver de alcovas, imagine então num lugar descompromissado. Verdade que até hoje a fama namoradeira de Alcino corre solta por aqueles rincões.
Não só mantinha relacionamentos extraconjugais como um dia resolveu colocar uma das amantes numa casa e assumir diante de todos a situação até então apenas extraconjugal. Moça solteira, até então acima de qualquer suspeita, de família de nomeada, ainda assim não pensou duas vezes em aceitar seu convite para ser a outra. E com esta, entremeando seus afazeres de casado e pai de família, passou a conviver como se fosse a coisa mais simples e normal do mundo.
Mas engana-se quem achar que Alcino parou por aí. Tendo esposa e outra, além de outros relacionamentos pelas redondezas, já na década de 80 achou que duas mulheres eram pouco para dar endereço e dizer que eram suas. Então, com a intermediação de amigas, tratou de trazer mais uma de outro lugar e colocou na cidade, dentro de outra casa, como sua mais nova amante. E com esta também teve filhos.
Ainda hoje mantém essa situação extraconjugal, com filhos crescidos e a vida na normalidade dos dias, na feição do progresso em tudo. Mas eis que surge indagar: Por que ele fez isso com sua bela esposa, que a ele se uniu desde os quinze anos?
As explicações, estas, creio, foram dadas mais atrás. A ânsia de Alcino não era apenas fazer valer seu senso de macho, dominador, amante inveterado, mas também se fazer reconhecido e estranhamente admirado pela sociedade perante as situações que forjou. E forjou porque tudo na base do poder, do dinheiro, da força política, das táticas para calar honras familiares diante de tantos erros e absurdos.
E com a bela Peta, sua esposa, o que acontecia diante dessa sua situação? Sofreu por amor, pois se não amasse não suportaria tanta desonra e tanta humilhação. Sofreu na pele, no coração, no fundo da alma, mas silenciosamente suportou em nome de seus filhos. Seu irmão, Jorge Alves Sobrinho, grande advogado em Salvador, também oficial militar, por diversas vezes implorou para que ela saísse daquela vida de sofrimento e fosse morar com ele nas terras baianas.
Alcino e sua esposa, D. Peta
Mas ela continuou, Dona Peta resolveu ficar, mesmo pagando sem merecer, mesmo sofrendo, continuou ao lado de Alcino. E só o verdadeiro amor faz isso. E permaneceu ao seu lado até o instante de sua morte, aos 65 anos, no dia 23 de junho de 2009. E ela era tão bonita, minha mãe era tão bonita...
Continua...       

  
Poeta e cronista
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Caminhos, estradas... (Crônica)



Caminhos, estradas...


O que passamos ontem
o que somos hoje
como estamos agora
o que pretendemos ser
tudo num grande percurso
onde os erros e os acertos
as quedas e as subidas
as lições e as promessas
nos mostraram o sofrimento
para a grande redenção

estamos ainda com marcas
segurei tua mão no abismo
me livraste de mil labirintos
encontramos os espinhos
e mil sóis entrando na pele
e um dia já muito cansados
sentamos à sombra da estrada
para o descanso das lutas
para nova caminhada

e agora me vejo aqui
numa janela e porta
com um pote d’água
uma mesa e moringa
gosto de fome na boca
vontade de mastigar
a flor para o meu amor
mas não farei isso não
ela já vem ali sorridente
tão imensamente bela
que penso viver no paraíso

e ela também...

  
Rangel Alves da Costa

PALAVRAS SILENCIOSAS - 61


Rangel Alves da Costa*


“Eis uma bela canção...”.
“Mas não ouço nada...”.
“A do silêncio...”.
“Mais uma suave melodia...”.
“Da brisa, do vento...”.
“Do tempo, do pensamento...”.
“Da saudade, da distância...”.
“Do ontem, do passado...”.
“E de agora também...”.
“É sonata ou noturno...”.
“Talvez uma valsa vienense...”.
“Música clássica é quase silêncio cantante...”.
“É o próprio silêncio em prelúdio...”.
“Ouvi-la é alçar voo...”.
“Nas asas Bach, Brahms, Tchaikovsky...”.
“Na revoada de Schumann, Strauss, Mozart...”.
“Ou no horizonte de Chopin, Beethoven, Lizst...”.
“Admiro especialmente Offenbach...”.
“Barcarolle...”.
“Bracarolle é voo, viagem, singrar levemente...”.
“Sempre que a ouço me transformo...”.
“A música tem esse dom...”.
“Mas essa especialmente. O espírito vai acompanhando o compasso da melodia...”.
“Dizem que retrata um suave passeio de barco, em águas mansas, ao entardecer...”.
“Mas sentimos isso. Tal viagem nos é provocada...”.
“Do mesmo modo passear pelo jardim primaveril de Vivaldi...”.
“Realmente, das Quatro Estações, A Primavera é a mais bela...”.
“E retrata com fidelidade os encantos dessa estação...”.
“Vivaldi consegue dar aroma, perfume, cor, verdadeira visão da primavera florida...”.
“E tudo isso chega ao nosso pensamento como um passeio...”.
“Como se estivéssemos passeando entre as flores alegres...”.
“E o que sente ao ouvir Bach e a sua genial Jesus, Alegria dos Homens?”.
“A religiosidade proposta faz a música superar tudo...”.
“E nela encontro anjos, igrejas, a sacralidade, a fé...”.
“Mosteiros, catedrais, as vozes em coro, ar leve que se dissipa inebriante...”
“Permite ao homem contato com o sagrado...”.
“Vejo a face de Deus, as asas dos anjos, as auréolas dos santos...”.
“Permito-me ser a nave das catedrais, as velas flamejantes, a missa em latim...”.
“E nos enche o espírito de uma paz infinita...”.
“Porque somos muito carentes...”.
“De tudo...”.
“E muitas vezes somente a boa música para nos fortalecer...”.
“O que a música clássica tantas vezes nos possibilita...”.
“Uma viagem pelo Danúbio, aquele todo azul...”.
“Citando Fernando Pessoa, o Danúbio era o rio que passava pela aldeia de Johann Strauss II...”.
“Cortando os alpes vienenses...”.
“Dançando suavemente ao lado do lago...”.
“No Lago dos Cisnes de Tchaikovsky...”.
“Ao lado do Cisne Branco, amorosamente entristecido...”.
“Pelas maldades do Cisne Negro...”.
“Mas o amor sempre vence...”.
“Mesmo que seja apenas para dizer que não foi derrotado...”.
“Nem tudo possui um final feliz...”.
“Restando somente a dádiva maior de ter amado...”.
“O silêncio e o espanto...”.
“Há uma música assim...”.
“Imagino qual seja esse irromper estonteante...”.
“Isso mesmo, Carl Orff e seu O Fortuna, da ópera Carmina Burana...”.
“Genialidade de composição...”.
“Algo a ver com o tropel de repente surgido na Cavalaria Rusticana...”.
“De Mascagni...”.
“Mas prefiro ainda a suavidade...”.
“Os Noturnos de Chopin?”.
“Músicas ao cair da tarde...”.
“Entrar na noite e fazer sonhar...”.
“Com uma vela acesa...”.
“Uma taça de vinho...”.
“E nossa viagem...”.
“Prelúdios do coração...”.
“Cantatas da alma...”.
“Algum prazer nessa vida!”.


Poeta e cronista
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