Rangel Alves da Costa*
Não é conversa de
caçador não. Aconteceu de verdade. Nos tempos passados, quando ainda havia mata
no sertão e pé de pau para o bicho e o passarinho, a sobrevivência do homem era
ajudada pela caça. Havia tatu, teiú, tamanduá, preá, rolinha fogo-pagô, veado,
perdiz, codorna, dentre tantos outros bichos que corriam de canto a outro ou se
escondiam nas locas das pedras. Era um tempo de bons caçadores, de velhos
sertanejos que passavam dois a três dias, ou mais, no meio da caatinga armando
tocaia para matar assegurar a caça do dia a dia. Levando sempre um cachorro
perdigueiro, mestre na caça e na correria atrás do bicho afoito ou depois que o
animal era acertado e caía distante, o caçador não precisava mais que uma
espingarda no seu ofício. Sendo bom de pontaria, então a caçada era sempre
proveitosa. Mas quando os animais se enfezavam, se tornavam difíceis de serem
alcançados, então havia o recurso da reza. Poucos eram os que sabiam a reza
certa para paralisar o animal. Mas a verdade é que quando avistava o bicho lá
em cima do pé de pau, o caçador fechava os olhos e murmurava sua reza
misteriosa. Os dizeres de encantamento eram tão fortes que o animal permanecia
como que petrificado, paralisado. Então era só apontar a espingarda e apertar o
gatilho.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário