*Rangel Alves da Costa
Sou no homem a certeza de sua frágil
fragilidade. Sou no homem a sua humildade e o seu desapego ao vil metal e ao
ouro. Sou no homem a compreensão de horizontes nem sempre possíveis de serem
alcançados. Sou no homem a sua boca silenciosa e o seu olhar tristonho, o seu
vagaroso passo e a sua perene esperança. Sou no homem o seu diálogo sozinho,
consigo mesmo, com o vento e a ventania. Sou no homem a sua descreditada
sabedoria perante um mundo de sábias espertezas. Sou no homem a sua xícara de
café, o seu pedaço de pão, a sua cadeira de balanço. Sou no homem seu chapéu
matuto, sua roupa simples, envelhecida. Sou no homem sua tez cicatrizada de
tempo, marcada de mundo, tingida de sol. Sou no homem a sua rede de deitar e o
seu chinelo de pé, o seu aió e seu embornal. Sou no homem a crença infinita num
Deus de bondade, a fé como cimento da alma, a religiosidade como
bem-aventurança na vida. Sou no homem seu lábio sem beijo e seu braço sem
abraço, pois no homem a solidão de alguém que apenas vive seu entardecer de outono.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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