*Rangel Alves da Costa
Instantes de tormento depois do entardecer.
Uma febre que chega sem doença alguma. Um aperreio que chega sem vexame algum.
Um descontentamento que chega sem infelicidade alguma. Tudo na memória se
revolve mais lenta e entristecidamente. Uma vela acesa flameja como querendo
apagar, mas sua réstia amarelada não esconde a face e a feição da saudade.
Instante triste depois do entardecer. Nem a prece nem os rogos impedem que os
tormentos cheguem querendo dilacerar. Não há mais cor de dia, apenas o
sombreado lá fora. Pela janela vai entrando um sopro em triste canção. O café
ferve em cima do fogão, a xícara espera solitária à mesa. De repente a porta se
abre, mas nada além da ventania soprando mais forte. Sim, uma lua. A lua que já
desce lá fere em meio ao céu estrelado. Noite, apenas. Nada mais que a noite de
silêncio e solidão. Não há como sorrir para a luz da lua nem para qualquer
estrela. Eis que vem um mistério em instantes assim. E tudo se transforma em
tristeza. Do nada, em meio ao silêncio noturno, esse terrível grito da saudade.
E a saudade sem fim. E então uma tristeza sem fim.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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