SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 5 de agosto de 2017

Palavra Solta - nos silêncios e nas tristezas


*Rangel Alves da Costa


Instantes de tormento depois do entardecer. Uma febre que chega sem doença alguma. Um aperreio que chega sem vexame algum. Um descontentamento que chega sem infelicidade alguma. Tudo na memória se revolve mais lenta e entristecidamente. Uma vela acesa flameja como querendo apagar, mas sua réstia amarelada não esconde a face e a feição da saudade. Instante triste depois do entardecer. Nem a prece nem os rogos impedem que os tormentos cheguem querendo dilacerar. Não há mais cor de dia, apenas o sombreado lá fora. Pela janela vai entrando um sopro em triste canção. O café ferve em cima do fogão, a xícara espera solitária à mesa. De repente a porta se abre, mas nada além da ventania soprando mais forte. Sim, uma lua. A lua que já desce lá fere em meio ao céu estrelado. Noite, apenas. Nada mais que a noite de silêncio e solidão. Não há como sorrir para a luz da lua nem para qualquer estrela. Eis que vem um mistério em instantes assim. E tudo se transforma em tristeza. Do nada, em meio ao silêncio noturno, esse terrível grito da saudade. E a saudade sem fim. E então uma tristeza sem fim.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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