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segunda-feira, 5 de março de 2018

Palavra Solta – índios que não são mais índios



*Rangel Alves da Costa


De início, uma indagação: o que caracterizaria um índio? Daí outros questionamentos. Seria sua identidade indígena, sua raiz familiar, sua cultura? Seria sua concepção de nativo, de primeiro habitante avistado na terra então descoberta, de isolamento grupal? Comumente se diz que o índio possui como característica principal sua identidade indígena. Mas qual seria esta? Ora, índios existem que não podem ser reconhecidos como índios de jeito nenhum. Logicamente que os progressos da humanidade, os avanços dos forasteiros sobre suas terras e modos de vida, a aculturação imposta e demais avanços, descaracterizam muito a noção básica sobre povos indígenas. Atualmente, apenas umas poucas tribos continuam isoladas, mas não por muito tempo. Mas desde muito que as tribos alcançadas pelo homem branco se tornaram em comunidades quase comuns, até mesmo com a perda dos rituais e costumes seculares. Não creio que deva continuar sendo creditado como índio aquele que de nativo só possui raiz tribal, mas no demais se transformou num branco qualquer. Será que o índio deve chegar ao patamar das riquezas e dos modismos do mundo afora? O capitalismo avançou de forma tamanha que alguns índios tornaram-se mercantilistas de seus próprios bens culturais e principalmente das riquezas de suas terras. Possuem aviões particulares, só usam importados, possuem avantajadas contas bancárias, vivem no mundo dos altos negócios. São identificados como índios apenas pelas suas origens. Estes continuam na autenticidade indígena? Creio que não. Utilizam-se apenas de suas raízes tribais para a obtenção de lucros – até mesmo escusos – em meio ao mundo dos brancos. Na minha concepção, nem como índios deveriam ser reconhecidos.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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