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domingo, 4 de março de 2018

Palavra Solta – minhas coisas velhas



*Rangel Alves da Costa


Enquanto a maioria das pessoas vai dispensando, jogando fora e rejeitando as velharias, tornei-me um colecionador contumaz de coisas velhas. Hoje eu vivo quase como um catador de coisas velhas. Não coisas velhas imprestáveis, molambentas, rasgadas, quebradas ou imprestáveis ao uso, mas coisas velhas apenas no tempo, na idade, na perda da feição modista. Minhas coisas velhas são aquelas esquecidas nos cantos, abandonadas nos cantos, tidas já sem uso e trocadas pelo novo. Sou um caçador de relíquias e antiguidades, sou um arqueólogo da história de um povo e de seu passado, através de seus objetos de uso doméstico e tradicional. Interessam-me as malas antigas, os baús antigos, as cristaleiras antigas, os camiseiros antigos, os guarda-roupas, as chaleiras, os ferros de engomar, os rádios, as radiolas, qualquer coisa que sirva para contar a história do povo do sertanejo. Todo o encontrado, acaso possua a feição de relíquia, é logo cuidado e colocado no Memorial Alcino Alves Costa, localizado em Poço Redondo, no sertão sergipano. Minha busca incessante já produziu excelentes resultados, pois hoje minhas coisas velhas servem como retratos e livros abertos ao conhecimento das novas gerações, de pesquisadores e estudiosos, acerca de um passado que não deve ser esquecido nos seus objetos e peças de usos domésticos. Por isso mesmo que rejeito o novo e sempre vou atrás daquilo que realmente possa contar a história do sertão e de seu povo.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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