SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



domingo, 6 de agosto de 2017

Palavra Solta – baile da saudade


*Rangel Alves da Costa


Que saudade tanta de um baile, um baile de verdade. Antigos conjuntos, orquestras, grupos musicais. Nada de guitarra maluca, nada rock pauleira, nada heavy metal, nada de azucrinações musicais, mas tão somente a melodia compreensível, plangente, lentamente tocada para o encontro de corpos. Salões apenas escurecidos, mesas com bebidas e canapés, vestidos longos, cabelos ornados em flor, aroma e perfume por todo lugar. Mão na mão, braço no braço, abraço a abraço, e os corpos coladinhos, e os rostos coladinhos, talvez em segredos ou somente no encantamento musical. E a orquestra ecoando: “Quando eu fui ferido vi tudo mudar. Das verdades que eu sabia só sobraram restos e eu não esqueci. Toda aquela paz que eu tinha...”. E a banda ecoando: “Quanto sinto em dizer-te que me podes desprezar logo, logo sei que devo deixar-te já não posso mais sonhar você fica tão calada não sei mais o que fazer se te sentes por minha culpa desprezada sei que não terei perdão...”. Ou a bela e apaixonante My mistake, do Pholhas: “There was a place that I lived, and a girl, so young and fair. I have seen many things in my life, some of them I'll never forget …”. E de repente o abraço mais apertado, o beijo, o voo no salão, na suave canção do baile da saudade.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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