SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



segunda-feira, 11 de junho de 2018

Palavra Solta – chove não chove



*Rangel Alves da Costa


O sertão tá um chove não chove danado. Época de o milho já estar bonecando, de o feijão já estar ramando, de a melancia já estar em tempo de colher, mas nada de chuva. Ou quase nada, pois apenas no chove não chove. No ano passado, o mês de julho já contava com muito milho verde, muito fruto da terra e certeza de uma boa colheita. Mas esse ano não. As chuvas foram poucas ou escassas demais, mais chuvisco do que pingo d’água, e tudo ficou na dúvida se ainda haveria tempo de lançar a semente sobre a terra. Nunca mais caiu chuva forte e farta, em dias seguidos, ou de maneira a molhar suficientemente a terra. E no sertão se chove um dia e passa três sem chover, o verde surgido logo começa a esturricar. E o que foi plantado se perde, murcha, não vinga de jeito nenhum. Eis a situação sertaneja, apenas no chove não chove. Como se diz, a chuva que cai é muito mais pra gripar do que pra qualquer outra coisa. Nem pra banho de chuva serve o chuvisco caído. Talvez somente para desesperançar ainda mais a ilusão sertaneja de dias melhores.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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