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segunda-feira, 7 de abril de 2014

CONSIDERAÇÕES POLÍTICAS DE PASCÁCIO CAÇUÁ


Rangel Alves da Costa*


Verdadeiramente, as coisas não andam boas nem para o político nem para o homem Pascácio Caçuá. Primeiro teve de desfazer na boca do povo e hostes políticas sua pretensão de se lançar candidato no próximo pleito. Teve de ser assim porque já avistava tempo ruim pela frente. Não ia tirar um tostão do bolso pra gastar com campanha e sabia que corria o risco de servir de zombaria perante seu reduto eleitoral e principalmente diante de seus adversários.
Além disso, anda sem saber o que fazer quando correligionários desandam a perguntar qual candidato a governador terá seu apoio. Diante dessa situação, a única saída encontrada é dizer que sem os nomes dos candidatos ainda confirmados simplesmente não tem condições de saber quem receberá seu apoio e prestígio. Contudo, a situação complica ainda mais quando insistem em dizer que não haveria motivo para tal dúvida, vez que seu partido certamente terá candidato.
Então o velho fanfarrão da política, o famoso Pascácio “urna furada”, se dobra e desdobra todo para justificar sua indecisão. E diz que a política é a arte do é sem ser, do ser sem nunca ter sido e da certeza carregada de dúvida. E também igual à doidice no tempo, que amanhece ensolarado para repentinamente ser tomado de trovoada. Coisa assim como a mais deslavada mentira revestida da mais pura verdade.
Decerto o velho Pascácio conhece bem do que fala. Sempre se manteve como homem de partido sem jamais ser partidário, pois convicto de que o interesse próprio de cada político está muito acima da fidelidade a uma mera sigla de partido. Por isso mesmo nunca pensou duas vezes quando teve de tecer alianças por debaixo dos panos com aqueles tidos como adversários e inimigos de fogo a sangue. Perante o mais íntimos, comparava a política a um velho bordel de beira de estrada, sobrevivendo das oportunidades para abrir as pernas.
Diz que o eleitor não precisa conhecer o que se desenrola por detrás das cortinas nem o que vai sendo guardado debaixo do tapete. Não seria prudente ao político deixar o votante a par de tudo que aconteça ao seu redor, pois seria perigoso demais torná-lo conhecedor daquilo que é propagado de forma totalmente diferente da realidade. E o mundo desabaria se soubesse quantos brindes são feitos entre inimigos declarados e quantas notas graúdas são passadas de um bolso a outro.
A um confidente, velho amigo e conhecedor de suas manobras, Pascácio já confessou que ao político basta estar com uma caixa de maquiagem para ir retocando sua imagem a todo instante que a mesma estiver sendo desfigurada. E também uma lata de tinta para ir dando nova aparência a velhas práticas. Contudo, nada mais essencial ao político que um bom e apurado verniz. Ora, sua cara de pau deve estar sempre envernizada, com feição irretocável.
Como se vê, o que não se pode negar em Pascácio é o seu conhecimento dos meandros das artes e manobras da politicagem. Nela sempre fez palco e circo para sobreviver. Tornou-se líder político sem jamais ter conquistado um só eleição, ainda que já tivesse disputado quase uma dezena de pleitos. E a cada derrota se dizia mais fortalecido, com maior número de votos para barganhar com os altos escalões. E nessa ideia de força corria a vender os votos que não possuía.
Verdade é que o danado do Pascácio faz da política uma verdade arte da captação, da vantagem. É declaradamente adepto da máxima de que é dando que se recebe. Naquilo que chama de reduto eleitoral seu, todo mundo sabe não possuir voto nem para se eleger vereador, mas se impõe de tal forma perante as elites que acaba sendo acolhido em detrimento de outros verdadeiramente bons de urna. Por isso é que mantém um partido em suas mãos para utilizá-lo como moeda de troca.
Com Pascácio não há tempo ruim, apenas rejeições momentâneas nas urnas. Segundo afirma, mesmo derrotado um político como ele sai ainda mais prestigiado, vez que as desastradas ações do eleito farão com que o povo mais tarde reconheça o seu valor e implore pela sua chegada ao poder. Daí que sempre cobra fortunas para garantir os votos que não possui. Eleva seu preço a peso de ouro. Mas não recusava se lhe paguem como valor de cobre ou latão.
Ao fazer as contas, chega sempre à seguinte conclusão: como estou vendendo o voto dos outros, então tudo que vier é lucro; como os eleitores não precisam saber quanto recebo, então que se imagine que ainda nada recebi. E assim vai vendendo seus votos ilusórios e ainda encontrando quem acredite no seu curral eleitoral. De vez em quando ele mesmo chega a acreditar na sua liderança, mas só até calcular com os votos de casa e saber que nem ali pode contar com todos.
E assim vai Pascácio Caçuá tecendo alianças e fazendo promessas. Já se comprometeu, e sempre às escondidas, a trabalhar para três pretensos candidatos a governador e uns seis pleiteantes a deputado. E com cada um já acordou um valor. Como não é besta, assim que pode vai logo exigindo uma parte para garantir que não se deixará dobrar pelas ofertas cada vez mais tentadoras dos adversários.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com 

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