SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

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quinta-feira, 23 de julho de 2015

Palavra Solta: aquele poema


Rangel Alves da Costa*


Aquele poema tinha razão. Eduardo Alves da Costa tinha razão. O seu poema “No Caminho com Maiakovski” tinha razão. O mundo atual está exatamente o que o poema já previa desde algum tempo. Mas não é a violência simbólica do poema, não o sentido político entremeando o poema, não é a crítica presente na escrita, mas o livro aberto da vida. É a violência violenta, a violência do medo, a violência do sangue, a violência da barbárie, a violência diante, do lado e por todo lugar. O poema diz que na primeira vez eles apenas passaram olhando a casa, da segunda vez olharam para dentro do muro, da terceira vez violaram o portão, depois entraram na casa, roubaram o cachorro, os sonhos, tudo. Mais ou menos assim. Alguma coisa diferente da realidade vivenciada por todos? Logicamente que não. A única diferença é que eles (os marginais) nem se dão mais ao trabalho de passar uma vez diante da casa para observar se o instante é propício ao roubo, pois já chegam entrando, violando, levando tudo. O que se pode dizer é que um passa a primeira vez e rouba uma coisa, outra passa em seguida e leva outra coisa, já outro chega depois para levar o restante. E a população simplesmente à mercê da bandidagem, da insegurança, do medo de até estar trancada dentro de casa. Quando a vida não se torna num reles poema de sangue.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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