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A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



quinta-feira, 9 de julho de 2015

Palavra Solta: barcos que navegam no olhar


Rangel Alves da Costa*


Dia de angústia, tempo de tristeza, horas de sofrimento. E o deserto da alma, a aridez queimante e atemorizante do ser, tudo clama por um oásis qualquer de esperança. Mas tudo tão distante, tão difícil de acontecer. E de repente os céus começam a se transformar, as nuvens enegrecem, raios e temporais despontam, a tempestade emerge. E tudo começa a ser inundado de lágrimas e mais lágrimas. O olhar sem enche de um mar sem fim e logo os barcos surgem içando lenços que se desfraldam ao sabor da ventania que a tudo quer varrer. O cais humano então separa a vida da incerteza. Mais adiante as águas chamam as velas para a partida. E o navegante, que já não possui escolha de querer ir ou ficar, simplesmente chora sua dor, seu próprio adeus de despedida. E se vê tomado das águas do próprio olhar. E se deixa levar. Barcos não só navegam no olhar como também naufragam nas profundezas encharcadas dos olhos. Até que a esperança ressurja no horizonte ou talvez se dissipe o motivo da aflição, o ser humano suportará em si mesmo as procelas e as tormentas que de vez quando surgem nas noites escurecidas. Noites de solidão, de saudades, de tormentos.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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