*Rangel Alves da Costa
Nada melhor do que viver no mato. Mas no mato
mesmo, não em lugarejo com casas próximas, não em sítio de muita vizinhança,
não em beira de estrada. Distante de tudo, distante de estrada, distante de povoação,
distante de som de carro passando ou de forasteiro na caminhada. Em casebre ou
tapera, em casa rústica, mas na paz e no silêncio de meu Deus. Apenas os sons
passarinheiros, os cantos das águas correntes, o farfalhar das folhagens e a
tirania insuportável dos grilos. Ouvir a canção da ventania, ouvir o silêncio
do amanhecer e o entardecer. Fazer comida em fogão de lenha, tomar café batido
em pilão, saborear fruta do mato, caçar broto e raiz macia. Uma melancia, um
melão, uma mandioca, um milho embonecado, uma abóbora, um quiabo, um maxixe. E
sem pressa de nada, sem pressa nem de chegar nem de partir. Deitar na rede,
conversar com o mato, matutar com a natureza e dormir até de porta aberta. E
viver. Imensamente viver essa paz que em algum lugar ainda deva existir. E como
eu queria estar lá.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário