SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



domingo, 4 de junho de 2017

Palavra Solta – viver no mato


*Rangel Alves da Costa


Nada melhor do que viver no mato. Mas no mato mesmo, não em lugarejo com casas próximas, não em sítio de muita vizinhança, não em beira de estrada. Distante de tudo, distante de estrada, distante de povoação, distante de som de carro passando ou de forasteiro na caminhada. Em casebre ou tapera, em casa rústica, mas na paz e no silêncio de meu Deus. Apenas os sons passarinheiros, os cantos das águas correntes, o farfalhar das folhagens e a tirania insuportável dos grilos. Ouvir a canção da ventania, ouvir o silêncio do amanhecer e o entardecer. Fazer comida em fogão de lenha, tomar café batido em pilão, saborear fruta do mato, caçar broto e raiz macia. Uma melancia, um melão, uma mandioca, um milho embonecado, uma abóbora, um quiabo, um maxixe. E sem pressa de nada, sem pressa nem de chegar nem de partir. Deitar na rede, conversar com o mato, matutar com a natureza e dormir até de porta aberta. E viver. Imensamente viver essa paz que em algum lugar ainda deva existir. E como eu queria estar lá.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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