SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



quinta-feira, 22 de junho de 2017

Palavra Solta - solidão em noite chuvosa e fria


*Rangel Alves da Costa


Quem dera o cobertor quentinho, um abraço apertado, um colo, um umbro, um travesseiro grande, uma xícara fumegante de chocolate, outro corpo ao lado. Mas nada disso se tem. Apenas a solidão em noite chuvosa e fria. Quem dera deitar ao lado dela e junto ao seu corpo fazer cobertor, roçar a pele na pele e a tudo esquentar, sentir a sua presença como um calor de noturno sol. Mas nada disso acontece, pois nada disso se tem. Apenas a solidão em noite chuvosa e fria. Quem dera um bom e velho vinho, uma dose de rum, um conhaque, um uísque. Quem dera janelas e portas fechadas, cama de panos grossos, travesseiro macio e a leveza de uma música clássica. Mas nada disso se tem. Apenas a solidão em noite chuvosa e fria. Quem dera que a chuva parasse, que o frio diminuísse e o frio sumisse aos poucos. Quem dera que os pingos não gotejassem no olhar, o frio não estremecesse a alma e a solidão fosse embora por um motivo maior. Mas continua apenas a solidão em noite chuvosa e fria. E então tira a roupa, abre os braços e se deixa lançar sobre o tapete da sala. E as lágrimas petrificam na mais fria solidão.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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