SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

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sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Palavra Solta - um livro aberto



*Rangel Alves da Costa


Eis que encontro um livro aberto. Não era para estar assim, pois livro aberto e sem ninguém que o leia ou proteja, é como uma porta aberta. Mas o livro estava aberto. Por isso mesmo que depois muita gente, muitas situações e paisagens e não encontrei. Os enredos estavam desfeitos, as tramas sumidas, os imaginários dispersos, as realidades fictícias sem razão de ser. Ora, tudo havia saído, sumido, ido embora. Procurei os coronéis do cacau de Jorge Amado e não os encontrei. Nem Badaró, Melk ou qualquer outro. De Cem Anos de Solidão não restou um só Buendía. Nada de Úrsula Amaranto, nada da bela Remédios, nada de nada. Até o pequeno Zezé, aquele menininho de Meu Pé de Laranja Lima, havia sumido. Procurei Sargento Getúlio e não encontrei sequer o rastro. Capitu, onde andará Capitu? Nem Gabriela, nem sua flor nem sua canela. Procurei um apanhador no campo do centeio, mas avistei o lugar mais limpo. Também assim com Rhett Butler e Scarlet O’Hara. Será que o vento levou? Não sei. Não sei. Só sei que não se deve deixar um livro aberto. Livro tem de ser lido, adorado, acarinhado, bem guardado.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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