*Rangel Alves da Costa
Os anos passam. Tão rapidamente os anos
passam. Minha idade corre, avança, com infatigável desejo de chegar a qualquer
lugar. Nem quero saber onde seja este lugar. Dói-me saber que os anos passam
para apressar um fim. Ontem eu era criança. Na verdade, ainda sou criança. Mas
criança na memória, na nostalgia e na relembrança. Uma felicidade alcançada
pelo passado. A bola de gude, o cavalo de pau, a nudez do menino pelas ruas
encharcadas de chuva. E querendo crescer logo, crescer mais, ser logo adulto. E
sem saber que quando a idade começa a correr, quando os anos tomam fôlego de
pressa, nada mais poder conter seu ímpeto de chegada. Inevitável que fosse de
outro modo, pois tudo em pressa de ventania. Agora, tentando conter a pressa
dos anos, chamo novamente o menino para novamente brincar, para ser feliz e de
novo sonhar. Olho para trás e me vejo correndo descalço pelos descampados da
vida. Olho para frente e o meu espelho amarelado já não diz o que sou. Mas
adiante há uma porta. E após ela uma estrada. Um caminho que forçadamente me
faz caminhar. E algum dia chegar aonde não quero chegar.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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