*Rangel Alves da Costa
Poema nu, sem roupa, em plena nudez. Mas não
em versos e estrofes. Mas não em métrica ou versificação. Mas não em brancura
ou de rebuscadas e preciosas palavras. Nu, apenas. Tão nu que mostra o sexo,
mostra a vontade, mostra o prazer, mostra a ereção, mostra a excitação. Um
poema que passa a língua entre os lábios, que lambe os lábios carnudos, que
deixa cair pelo canto um veio lânguido de volúpia e prazer. Um poema que pisca
o olho, que acena com a mão, que lambe o dedo, que chupa o sorvete como se
sugasse a êxtase. Um poema sussurrante, gemedor, grunhido, e de grito aterrorizante
querendo ser mais poema. Um poema que se despede sem timidez, que se lança sedento
e faminto sobre o outro poema, que se suja todo pelo sabor que pelo corpo vai
escorrendo. Um poema com mãos que se entrelaçam, com unhas que se movem
afiadas, com fúria tal que até se esquece de que é um poema. Quando volta a si
nem lembra mais que é poema. Sabe apenas que já gozou.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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