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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

NO REINO DO REI MENINO – II

NO REINO DO REI MENINO – II

Rangel Alves da Costa*


O Reino de Onimen ficava numa extensa planície do País dos Voantes. Segundo a lenda, possuía essa denominação porque seus primeiros habitantes, ao invés de embarcações ou por terra, chegaram à região pelos ares, voando em pássaros gigantes. Foram esses mesmos pássaros que, com seus enormes e fortes bicos, deram feição à geografia do lugar, abrindo lagos e leitos dos rios, derrubando ou formando serras e montanhas, arrancando árvores para a plantação e espalhando sementes pelos campos, enfim, adequando o lugar do melhor modo para os seus habitantes.
Onimen era apenas mais um dos muitos reinos que dividia o país. Contudo, era o maior, o mais prestigiado e o que detinha maior poder político, econômico e bélico. Seus guerreiros eram reconhecidos principalmente por jamais haverem perdido uma só batalha, tanto defensiva como de ataque. Extremamente fiéis ao seu soberano, davam a próprio vida em defesa do reino. Era essa a fama que tinham mesmo nos lugares mais distantes.
A formação do Reino de Onimen é pagina ainda hoje prestigiada nos anais da história. Segundo os relatos históricos, um jovem camponês insatisfeito com as condições de trabalho que lhe eram impostas num reino de senhor cruel e desumano, resolveu fugir com sua esposa para uma terra distante, onde fez moradia e passou a viver. Não demorou muito e outras pessoas, fugindo dos seus algozes ou simplesmente buscando um lugar para morar, foram chegando, construindo suas rústicas habitações e em pouco o lugar já tinha as feições de povoação.
Por ser o pioneiro do lugar, pelo espírito de coragem e pela liderança conquistada perante os demais, o ex-camponês se tornou numa espécie de administrador da localidade. Juntamente com auxiliares, planejava tudo, determinava as terras para que cada família pudesse plantar, decidia sobre a destinação das colheitas, arrecadava uma parte dos lucros para investir na segurança, comandava o pequeno exército, determinava as táticas e as estratégias de defesa. Contudo, como era de se esperar, foram atacados por povos vizinhos e, na necessidade de se defender, tiveram que contra-atacar e matar invasores, chegando aos seus domínios e tomando suas terras. Assim, o povoamento foi crescendo e se transformou num pequeno reino.
O Reino de Onimen chegou às dimensões que tinha não por obra do acaso. Como dito anteriormente, invasores mais arrogantes do que preparados para as batalhas eram presas fáceis. Uma vez derrotados, tinham que pagar com suas terras o prêmio dos vitoriosos. Tinham que trabalhar para o rei e para o reino, adaptando-se aos poucos ao novo senhorio e mais tarde se tornando também defensores daqueles domínios.
Foi construído um grande castelo no local mais elevado do reino. Pela sua estrutura sólida, suas largas paredes de pedras e aposentos bem fortificados, resistiu às intempéries do tempo e às hordas inimigas, e talvez por isso mesmo continue majestoso até hoje em Onimen. Cercado por altos e largos muros, com torres de sentinelas espalhadas pelos quatro cantos e contendo ainda fossos e uma praça de armas, a residência do soberano é na verdade uma grande fortaleza. Até indestrutível para muitos, vez que os inimigos e invasores jamais conseguiram ultrapassar seus portões.
Dizem que o castelo de Onimen possuía mais de cem aposentos, dentre quartos, salas e outros compartimentos. Mas por que isso tudo, indagavam os do lugar, se o rei só tem como familiares sua esposa e um único filho? Mesmo que possuísse o dobro dos serviçais que possui, mesmo assim o castelo ainda seria grande demais para todos. É a demonstração da força, do poder e da riqueza do rei e do reino, diziam outros. E estes estavam com a razão, pois naqueles tempos os reinos sobreviviam mais das aparências e do que das necessidades reais de sua existência.
Esse rei pioneiro, ex-camponês revoltoso e fundador do Reino de Onimen, morreu com muitos anos, viúvo e já perto dos cem anos, porém realizado pelo que pôde construir e deixar para que seu filho único, Lucius, desse prosseguimento à sua obra, realizações e conquistas, fizesse sobreviver aquele reino por muitos e muitos anos.
O sucessor do velho Ferdinand passou, doravante, a ser seu filho único, Lucius, que agora reinava soberanamente naquelas terras do País dos Voantes.

continua...



Advogado e poeta
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
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