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A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



terça-feira, 22 de março de 2016

Palavra Solta - a pobre riqueza


Rangel Alves da Costa*


A sovinice é algo realmente espantoso. Dificilmente a riqueza se conjuga também pela benevolência, pelo humanitarismo, pela fraternidade e pelo compartilhamento. Quem tem muito, parece que sempre quer ter mais. E na ânsia de ter, de somar, de ser cada vez mais rico, acaba até mesmo vivendo na miserabilidade. E assim porque acha que comprar qualquer coisa irá desfalcar seu patrimônio e deixá-lo mais empobrecido. Conheço pessoas que vivem como mendigos, como empobrecidas, de roupa rasgada e barriga vazia, mas com patrimônios milionários. Não são poucos aqueles endinheirados que enfrentam filas quilométricas para comer bandejão público a um real. De vez em quando avisto o dono de uma rede de armarinhos, ele próprio, sem ajuda de ninguém (certamente para não pagar mão de obra), tapando buracos nas calçadas com cimento. E é também esse que possui um imenso estacionamento pago por hora e de repente é avistado vendendo bala e pirulito à entrada do estabelecimento. Quer dizer, possui rede de armarinhos, estacionamento, vultosa conta bancária, mas certamente sequer come bem. E também não dorme bem, pensando somente em dinheiro. E quantos e mais tantos milionários que se negam a ajudar uma família carente, que nunca fornece uma cesta de alimento, que faz de conta que a pobreza não existe. E ainda por cima explora o trabalhador até a última gota de suor. Há muita gente assim, infelizmente. Vive num céu comprado, dourado, sem sequer imaginar que ao morrer terá o mesmo destino do pobre. E também não sabe que sua prestação de contas lhe será tão cara que não haverá dinheiro que possa comprar a salvação. E sucumbirá eternamente em sofrimento.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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