Rangel Alves da Costa*
Flores, sempre flores, na beleza da vida, na
tristeza da morte. Flores, sempre flores, no adeus e no reencontro, na saudade
e na esperança. Flores, sempre flores, no jardim, pelo canto de chão, pelos
jarros nos móveis, nas beiradas de estrada, no meio do mato. Flores, sempre
flores, a simbologia poética: o amor, a união, a paixão, o enlace, a floração
dos sentimentos. Flores que brotam viçosas, perfumadas e belas, nos jardins
primaveris. Flores que desbotam avermelhadas nos jarros, nos caqueiros, nos
escondidos da casa. Flor de rosa, violeta, jasmim, girassol, begônia, antúrio,
copo-de-leite, lírio, ou flor de catingueira, de cabreira, de maracajá, de
araçá. Flor de quintal, flor de telhado, flor que desce na parede e se derrama
pelos cantos da casa, flor no olhar e no coração. E receber e doar um buquê,
deixar à janela uma carta de amor numa flor, se ferir no espinho e assim
demonstrar a desilusão amorosa. Flores brancas envolvendo a noiva, enfeitando a
igreja, enfeitando a esperançosa união. Mas depois, infelizmente, as flores
murchas, sofridas, desalentadas, envoltas e lágrimas e entristecimentos. Por
que a flor é também fim de tudo. A morte rodeada de flores, aquele terrível
aroma de flores de despedida, flores de cemitério, de jarros esquecidos no
tempo. Ou a vida como flor de plástico: tão bela e de repente já carcomida,
cheia de pó, renegada, apenas um resto de flor. E sem primavera que possa
trazer outra cor, outro perfume, outra flor. Apenas a flor do adeus e da
saudade.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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