SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



domingo, 27 de novembro de 2016

Palavra Solta – no divã (ou no hospício)


*Rangel Alves da Costa


Admitamos, ninguém é normal. Também admitamos que por trás das máscaras estão as loucuras, as insanidades, as doidices, as amentalidades. E igualmente reconheçamos que o mundo é uma camisa-de-força, um divã atordoado, um hospício sem porta de saída. Porra! É bom comer pedra, mas deixando um pouquinho pro outro. Tem gente que quer beber veneno e não encontra uma gota sequer. Todo mundo já bebeu tudo. Ora, nada de falar sozinho. É preciso gritar, bradar sozinho. Pelas calçadas e praças e a maior gritaria, mas tudo na normalidade da vida. Sim, correr atrás de cachorro para morder e de cobra para picar. Tomar banho de paletó e andar nu. Ninguém tem fome, vez que muita areia e muita grama para comer. Nada de sexo. A coisa que mais dá prazer é se roçar em urtiga e cansanção. E não pode haver felicidade sem que esta se revele na lágrima, na dor, no sofrimento, na agonia. Por que o mundo é assim, e as pessoas do mundo também. A moça engravida do vento porque o rapaz prefere namorar a folha seca que cai. Por isso que sempre vive sozinho. Cada folha que cai desaba um mundo de solidão.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com 

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