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quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Palavra Solta - menina, cadê você?


*Rangel Alves da Costa


Menina, cadê você? Mocinha, cadê você? Bela mocidade, cadê você? Sei que jamais voltarei a avistar aquela menina bela na sua janela de entardecer, toda perfumada e sonhadora, de fita no cabelo e brinco bonito na orelha. Sei que nunca mais avistarei aquela mocinha bonita com seu vestido de chita, de chinelos de dedo, toda faceira e cheirosa a lavanda de feira. Sei que nunca mais vou avistar a menina, quase moça feita, brincando com sua casa de boneca, penteando a boneca de pano, fazendo cozido de folha de mato. Sei que nunca mais vou avistar a mocinha lendo um bilhete de amor jogado escondido pela janela nem recebendo uma flor roubada em jardim. Sei que nunca mais irei avistar poesia em cada olhar, em cada rosto, em cada sorriso. E triste, muito triste, eu tenho que perguntar: Menina, cadê você? Mocinha, cadê você? Bela mocidade, cadê você? Meninas parecendo bonecas de tão belas e tão formosas. Mocinhas parecendo princesas floridas pelo jardim da idade. Mocidades doces, sonhadoras, tão puras quanto o prazer pela vida. Hoje não sei, juro que não sei, o que fizeram com vocês, o que provocou tantas transformações. Hoje as meninas e as mocinhas já não têm mais a idade do sonho, da inocência, daquela doce pureza à janela nem do vestido de chita florido. Ainda são crianças e já são adultas. E a velhice chega depois de cada baile, depois de cada farra, depois da curtição. E quando se dão conta o tempo já passou. E quando pensam que são flores o vento já levou!


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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