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A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



domingo, 24 de setembro de 2017

Palavra Solta – um grilo, dois grilos, milhões de grilos


*Rangel Alves da Costa


Parece até obra de ficção, mas a pura realidade: está em curso uma verdadeira invasão de grilos pelos sertões sergipanos. Em Poço Redondo, por exemplo, a situação está insuportável por causa desses insetos que chegaram em batalhões, em armadas, numa profusão sem medida. E são dezenas, centenas, milhões, trilhões, quatrilhões de grilos. Durante o dia se amontoam pelos cantos, fogem para os escondidos da mataria, mas da boca da noite em diante retomam seus poderes sobre a vida das pessoas, causando um tormento indescritível. E são grilos voadores, ferozes, arremetendo contra tudo e todos. Tomam conta das ruas, das calçadas, das casas, dos quartos, das panelas, de todo lugar. Onde houver uma brecha haverá um grilo, onde houver uma mesa estarão cem grilos, onde houver uma lâmpada acesa estarão milhões de grilos. Onde mesmo, peguei um sapato para calçar e dentro dele havia mais de dez grilos. Na meia encontrei mais uns cinco. Quando coloquei a mão no bolso da calça, lá dentro percebi uma verdadeira moradia de grilos. Pessoas existem que estão evitando falar para não abrir a boca e os tais bichos avançarem. Pelas ruas, pessoas de macacão, de toucas, com espanadores à mão. Os grilos já quebraram muitas lentes de óculos e dizem até nocauteiam pessoas. Agora mesmo, enquanto escrevo, a todo instante me vejo atacado pelos insetos. E fico imaginando como seria se todos esses grilos ecoassem seus cricricris. Seria realmente o fim do mundo. O fim da vida pela praga dos grilos.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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