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A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 13 de janeiro de 2018

Palavra Solta – o menino e a ex-cangaceira



*Rangel Alves da Costa


O MENINO E A EX-CANGACEIRA - “Adília, a ex-cangaceira e tão amiga de minha família, saía de casa e o filho de Dona Peta grudado na beirada de seu vestido. E com ela eu seguia em direção ao Alto, depois do riachinho. A tarde inteira zanzando de canto a canto, mas o que mais eu gostava de fazer era pedir que ela sentasse ao chão, com as pernas estendidas, de modo que eu pudesse encher de água uma pequena fundura que havia numa de suas pernas. E depois, menino sem saber de nada, simplesmente bebia daquela cacimba aberta no osso. Não sabia que ali um resquício dos tempos do cangaço, um tiro adentrado no osso que havia deixado aquela marca. E eu brincando, sempre acolhido como filho, no colo e estirado nas pernas daquela tão saudosa amiga. Sim, Adília era minha amiga. Amiga de uma criança, filho de Alcino e Peta, que ela cativava e cuidava como filho seu. Nem parecia ser uma ex-cangaceira do bando de Lampião, companheira de Canário e rasgando os carrascais no seu passo. Nada disso eu sabia àquela época. Depois de crescido e que fiquei sabendo, que honra maior ainda levada comigo. Assim, um dia, o menino e a ex-cangaceira...”.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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