SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



terça-feira, 9 de agosto de 2016

Palavra Solta - do entardecer em diante


*Rangel Alves da Costa


As mesmices do dia são levadas pela ventania do entardecer. As horas estafantes, as correrias desenfreadas, o vai e vem cansativo, tudo se transforma em folha de vento, em folha levada quando o chega o entardecer. Lá no horizonte os primeiros sinais: o sol já segue seu caminho de adeus, de despedida. Contudo, antes da partida, ainda no seu rastro, aquele fogo, aquela cor enferrujada, aquele alaranjado vívido, aquela chama que esvoaça pelos espaços. Eis a paisagem encontrada quando o sol está indo embora. Daí em diante, a magia da transformação sentimental, espiritual, invadindo todo o ser. A música clássica, o sopro da brisa, a relembrança, a recordação, as nostalgias tristonhas e doces que sempre chegam em instantes assim. Lá fora e ao longe a canção dos coqueirais, das águas açoitando no cais, da última revoada que sempre passa. No coração, um lápis, um papel, uma poesia, No olhar, o verso trazido pela natureza, pela fotografia do instante, pelo pôr do sol e pelo avistar da lua. E no cálice o vinho se derrama lento. Na boca o lábio trêmulo. No coração um pulsar diferente. Resta acender a vela, o incenso, a noite.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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