SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Palavra Solta - o rio e a vida


*Rangel Alves da Costa


As águas passando. Apenas um rio? Nunca. Jamais. No seu leito, na sua mansidão, no seu passo molhado, muito mais do que se possa imaginar. E assim por que todo rio possui mistérios, é envolto é lendas e desconhecidos. Do mesmo modo, suas águas sempre trazem muito além do cardume, do barco, da canoa, do pescador, de tudo que vem remansando no seu espelho ou por debaixo de suas vagas. Por onde passa o rio, nas suas beiradas vão surgindo povoações, núcleos ribeirinhos, cidades. Mas nem sempre as margens atraem o progresso. Quando assim acontece, então a vida ribeirinha de hoje parece a mesma de antigamente. Ainda bem que seja assim, pois a permanência da riqueza, das tradições e costumes de uma população. Um povo ribeirinho que se acostumou com o seu modo de viver, ali ao lado das águas, pescando, jogando a tarrafa, navegando de lado a outro em busca da sobrevivência. Um povo que sente o rio com pertencimento tamanho que nada consegue afastá-lo dali. Um povo que senta nas suas calçadas altas para mirar os horizontes entre serras e montes e mirar as águas com saudades e relembranças. Recordam das grandes embarcações, dos vapores, das chatas, de um tempo onde todo o comércio e viagem se davam pelo leito do rio. Os tempos são outros, mas ainda o imorredouro amor por aquela paisagem mansa que vai passando molhada e, de vez em quanto, chama aos olhos uma gotinha de outra água.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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