SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Palavra Solta – chuviscos na noite



*Rangel Alves da Costa


Estou no sertão sergipano, em minha querida Poço Redondo, e aqui apenas chuviscando, chuviscando, chuviscando. É noite, friorenta, e muito mais fria por causa do chuviscamento. O povo sertanejo, tão esperançoso por chuva, por chuvarada boa, de repente tem que se contentar com o chuvisco e mais chuvisco, como se fosse uma garoa sulista. Por consequência, nenhuma esperança de amanhã encontrar água juntada, os campos mais alegres, o verdor retomando a vida. E na noite, debaixo do chuviscamento, nem andar por aí está podendo. Como dizem os mais velhos, sair debaixo de chuvisco assim é doença na certa, é gripe na certa. Bom para deitar mais cedo, para se enrolar em cobertor quentinho, para abraçar um alguém que esteja ao lado, para buscar o calor nos braços e no corpo amado. As ruas estão desertas, as portas fechadas, os silêncios plangentes. Talvez os braços e os corpos estejam em fogueira. Talvez os chuviscos lá fora tenham servindo para os reencontros. Nada perdido, então. Melhor assim.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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