*Rangel Alves da Costa
Por todo o Nordeste há uma certeza que corre
de boca em boca: comida em panela de barro é mais gostosa, é mais saborosa,
muito mais perfumada. No mesmo sentido a assertiva de que água de moringa,
dormida em umbral da janela, é bebida dos deuses. Duas verdades incontestáveis.
Já provei das duas e assevero o dizer popular. Comida em panela de barro - por
ser mais demorada no cozimento e não receber o calor da chama diretamente -
acaba mais bem preparada e com tempo suficiente para que o tempero e a carne se
misturem corretamente. É um cozimento lento, desapressado, onde a colher de pau
de vez em quando faz remexer as misturas e o vapor aromático se espalha e toma
os espaços pelas beiradas da tampa também de barro. Por ser um preparado mais
lento, o cozimento é sempre uniforme e com maior apuro. Depois de tudo pronto,
servir ainda na panela de barro dá um toque singelo ao prato, ainda que a
comida seja gordurosa ou pesada, como sarapatel, buchada ou panelada de carnes
misturadas. E não há coisa melhor do que experimentar um tiquinho de cachaça da
terra antes da fartura. Como se diz no sertão, com a barriga já benzida pela
pinga não há que se falar em má digestão.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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