SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Palavra Solta - minha avó



*Rangel Alves da Costa


Mãeta, minha avó - Marieta Alves de Sá era o nome dela. Esposa e senhora de Teotônio Alves China, o famoso China do Poço. Pais de minha mãe Dona Peta, avôs deste Rangel que ainda sou. Pois bem. A minha avó Marieta era simplesmente Mãeta pra todo mundo. Talvez até o Capitão Lampião, em sua visita a China do Poço, tenha chamado aquela senhora da casa de Dona Mãeta, ou simplesmente Mãeta. E quanta história a ser contada. Com seu vestido escurecido, sempre longo, manga comprida quase chegando aos punhos, cabelo escorrido na brilhantina e bem penteado após o banho, minha avô Mãeta logo arrastava sua cadeira para a calçada. E ali, defronte ao casarão secular, perante a brisa do entardecer, como uma rainha sertaneja em seu trono de luta, ela começava a abençoar quem passava e lhe pedia a benção. “Bença, Mãeta”, dizia um. “Benção, Mãeta”, dizia outro. E a todos ela abençoava com seu sorriso sincero e seu coração cheio de fé. Revendo seu retrato agora, percebo que o seu olhar, um tanto entristecido, mira um adiante qualquer e talvez estivesse avistando um futuro onde tudo se resumia a um dizer: Saudade!


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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