*Rangel Alves da Costa
Dos meus cadernos surgem rabiscos
inesperados, sublimes, agonizantes. Assim, assim: Chego na beirada do pote e o
barro antigo, lanhada de tempo e sede, sempre me ensina alguma coisa. Chego
perante a cancela do velho casebre e os restos toscos e encardidos daquele
mundo, ecoam a me chamar para conhecer suas entranhas. Olho ao redor, no beiral
da estrada tomado de jurubeba em flor, então sinto vontade de ficar um pouco
mais para uma prosa de olhar, mas sei que tenho de seguir. E vou... A cada passo um encontro que faz valer o
sacrifício de tanto andar. Casas, casebres, moradias fincadas no barro e cipó.
Aió e embornal pelos cantos, candeeiro de parede e oratório de fé, tudo me
ensina. Enxada e enxadecos, foice e gadanho, retalhos de chão e história, de
luta pela sobrevivência e retratos do mundo-sertão. Sou moço do mato, sou da
cidade não. Nem quero ser. O batente ainda manchado do sangue da luta, o tronco
alquebrado mais adiante, o esquecido baú com suas saudades guardadas, tudo isso
me ensina. E também me ensina a palavra matuta, a mão calejada, a face marcada
de tempo. Olhares fundos e profundos, testemunhos de tudo aquilo que tanto eu
quero ouvir, saber e conhecer.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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