*Rangel Alves da Costa
Menino, e ainda menino. Criança eu fui,
menino sou. Ainda sou. Cresci sem querer crescer. Coisa complicada a idade que
faz o que quer com a vida da gente. Deveria ser mais controlada pela própria
pessoa. Eu mesmo nem teria pressa de ver passar os anos, de envelhecer. Mas
mesmo assim ainda sou aquele menino daquele passado que não é esquecido um só
instante. Sou ainda menino por que assim quero ser. E pronto. Sem a chupeta,
ainda choro. Olhar tristonho, mas assim mesmo. Corro na vida sem ter mais
quintais, sem bola de gude ou baleadeira, sem cavalo de pau nem rosário de
aricuri. Ah como eu gostaria que aquele passado voltasse. Pés descalços, banho
no riachinho, a nudez do menino pelo meio da rua debaixo da chuvarada. Menino
fui, menino ainda sou. Daquilo que passou e de tudo que esvoaçou, o que me
alenta e me faz viver é o menino que em mim restou. E o meu Poço Redondo onde
ainda estou.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário