*Rangel Alves da Costa
Mãe de minha mãe Dona Peta. Poço Redondo, no
sertão sergipano, ainda a guarda em boa memória, em grandes recordações. Já era
religiosa, mas sua religiosidade aumentou muito depois que seu esposo China do
Poço (Teotônio Alves China), de repente recebeu e visita de Lampião e parte do
bando, e justo num momento que o Padre Arthur Passos cochilava num dos quartos
da residência do casal. Então minha avó se entregou aos céus, aos santos, se
desfez em rogos, preces e orações, e ajoelhada passou os dedos por mais de dez
rosários de fé. Dizem que nesse dia rezou mais de cem Pai Nosso e Ave Maria. E
tudo para que a cruz não entrasse em desarranjo com a espada, para que Lampião
e Padre Arthur não entrassem em duelo aberto. E as preces e orações deram
certo, pois logo os dois estavam à mesa brindando com vinho de Jurubeba e desbragada
comilança. Dizem que o padre enchia tanto a boca que sequer podia falar. E a
comida oleosa chegava a escorrer pelos dedos e anéis do Capitão do Sertão.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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