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A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 25 de julho de 2020

Palavra Solta – casou com a jumenta de Leotério



*Rangel Alves da Costa


No sertão existe cada uma! Quem me contou assevera ser verdadeira essa história. Eu mesmo não acredito, mas não posso dizer que é mentira uma ladainha que vive percorrendo de boca em boca. E assim aconteceu. Crisostino, rapazote e ainda se mantendo virgem, já não suportava mais a vontade de experimentar os prazeres da carne. Pra seu azar, o Cabaré de Gerimuna havia fechado as portas e as quengas partindo com ela pra outra freguesia. Então o donzelo se via sem saber o que fazer, mesmo que ouvisse dizer que a quenguice ali rolava solta, desde novinha a mulher casada. Inexperiente, envergonhado, apenas orava pra que ali aparecesse um pote que matasse a sua sede. Mas certa feita, armando umas arapucas pras bandas das terras de Leotério, homem que era tido como a ignorância em pessoa, eis que o rapaz virgem avistou umas ancas interessantes. Contudo, nada de bunda de mulher, mas o rabicho da jumenta nova do tal de Leotério, o metido a valentão. Mas Crisostino logo se apaixonou pelas ancas da jumenta. E pareceu que ela também havia gostado dele, pois bastou ele passar a mão por detrás e ela logo levantou o rabicho. Amor à primeira vista e logo nos finalmente. Entretanto, o pior aconteceu logo quando o donzelo deixava a donzelice. Leotério apareceu de repente e logo desfez a cena de amor. E mais: exigiu que o rapaz casasse com a jumenta. Ou casava ou a jumenta ficava viúva antes de casar. Com a espingarda nas fuças, ele não teve outra saída. Aceitou sem dizer nada. E teve que sair dali correndo, mas levando consigo sua jumentinha.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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