*Rangel Alves da Costa
No sertão existe cada uma! Quem me contou
assevera ser verdadeira essa história. Eu mesmo não acredito, mas não posso
dizer que é mentira uma ladainha que vive percorrendo de boca em boca. E assim
aconteceu. Crisostino, rapazote e ainda se mantendo virgem, já não suportava
mais a vontade de experimentar os prazeres da carne. Pra seu azar, o Cabaré de
Gerimuna havia fechado as portas e as quengas partindo com ela pra outra
freguesia. Então o donzelo se via sem saber o que fazer, mesmo que ouvisse
dizer que a quenguice ali rolava solta, desde novinha a mulher casada.
Inexperiente, envergonhado, apenas orava pra que ali aparecesse um pote que
matasse a sua sede. Mas certa feita, armando umas arapucas pras bandas das
terras de Leotério, homem que era tido como a ignorância em pessoa, eis que o
rapaz virgem avistou umas ancas interessantes. Contudo, nada de bunda de
mulher, mas o rabicho da jumenta nova do tal de Leotério, o metido a valentão.
Mas Crisostino logo se apaixonou pelas ancas da jumenta. E pareceu que ela
também havia gostado dele, pois bastou ele passar a mão por detrás e ela logo
levantou o rabicho. Amor à primeira vista e logo nos finalmente. Entretanto, o
pior aconteceu logo quando o donzelo deixava a donzelice. Leotério apareceu de
repente e logo desfez a cena de amor. E mais: exigiu que o rapaz casasse com a
jumenta. Ou casava ou a jumenta ficava viúva antes de casar. Com a espingarda
nas fuças, ele não teve outra saída. Aceitou sem dizer nada. E teve que sair
dali correndo, mas levando consigo sua jumentinha.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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