SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



quinta-feira, 12 de abril de 2018

Palavra Solta - reconstruir



*Rangel Alves da Costa


Tudo o que é amado é cuidado, é guardado, é preservado. Ninguém quer perder ou se distanciar daquilo que tem carinho e afeto. Não só com relação a pessoas, mas também com tudo aquilo rodeia e que faz parte da vida. Uma roupa nova nem usada, mas a roupa velha é procurada, é costurada, é remendada, e no corpo fica como pétala em flor. Os pequenos objetos caem e quebram, mas em seguida, ao invés de irem ao lixo, são catados, remendados, colados, voltando a ser presença. Os jardins devastados pelos outonos não são completamente abandonados. Ainda há o passeio entre os canteiros, o cuidado com as hastes secas, o preparo da terra para a estação que logo virá. Nas pessoas, a sensação ou o medo da perda, faz com que a proximidade ainda maior se torne em constante presença na alma do outro. Eis que ninguém quer perder aquilo que ama. E na perda a dor e o sentimento infindos de algum dia poder reencontrar. O menino Zezé chorou sua dor quando cortaram seu pé de laranja lima. Amava o seu pé de laranja lima. Perdeu e lamentou em pranto todo o amor e amizade sentidos. Mesmo que tivesse outro de volta e no mesmo quintal, ainda assim já não seria o mesmo. Não queria um novo pé de laranja lima. Queria o seu velho amigo.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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