SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



segunda-feira, 23 de abril de 2018

Cangaceiros (Poesia)



Cangaceiros


Quem colocou a canga no outro
ainda chicoteou e esqueceu de tirar
depois ferrou com a ponta em brasa
e cuspiu no rosto querendo humilhar

mas o escravo um dia se levantou
com a força sertaneja que encontrou
retrucou o cuspe na cara de seu algoz
e para enfrentar a injustiça se preparou

se os donos do mundo têm o poder
só resta ao sertanejo mostrar a valentia
e valente enfrentar o mando injusto
e passar a viver o mundo da rebeldia

rebeldia logo tida como fora da lei
pois com punhais e seus mosquetões
tendo as caatingas como sua estrada
e zunindo balas e retinindo em clarões

mesmo sem a canga são os cangaceiros
na defesa e no ataque perante volantes
um sertão valente num sertão sangrento
mas já sem a submissão que se via antes

debaixo do sol e da lua a vida sofrida
mas na alma a certeza da justiça da luta
a bala na bala e o sangue no sangue
vitória impossível que jamais se desfruta

há um silêncio medonho na noite
parece vaga-lume mas não é vaga-lume
as mãos se levantam em busca das armas
e tombam em rios de sangue seu perfume.

Rangel Alves da Costa



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