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domingo, 8 de abril de 2018

UMA IDEIA NA PRISÃO



*Rangel Alves da Costa


A ideia agora tem nome: Lula. Nada mais de noção, de conhecimento, de representação, de conceito, de aspecto, de apreciação, de imagem. Nada mais. O que se tem agora como ideia se chama Lula.
Ou a ideia que ele faz de ideia, que deve ser uma noção totalmente descontextualizada do que realmente deseja expressar. Na verdade, ele quis dizer que não era mais o Lula político, o Lula ex-presidente, o Lula candidato, mas algo muito acima da naturalidade: o Lula sobrenatural, o ser iluminado, a divindade, a perfeição!
Que ideia mais absurda. Até mesmo porque nascida de uma insanidade já comprovadamente perigosa. Em mentes tomadas de alienações e loucuras é que surgem divagações absurdas desse tipo.
Mas ele talvez não tenha culpa de assim pensar, ainda que de sua mente mentirosa e doentia tudo possa nascer. Quem já se comparou a jararaca, quem já se disse com virtudes santas e angelicais, agora pode muito bem elevar-se ao monte da purificação.
Um louco, um insano, um pervertido, um alucinado, um psicopata, um alienado de sua própria representatividade. Ao invés de buscar um espelho e nele enxergar suas sombras, suas atitudes escusas, suas íntimas traições, bem como seus processos e sua condenação, acha-se no direito de querer se endeusar.
Num discurso ensaiado de outras fontes, aos moldes dos retóricos de palavras fáceis, teceu a si mesmo as superiores virtudes. Segundo disse, não é sequer mais homem, não é sequer a pessoa Lula, pois já ultrapassou a esfera terrena do comum. Está além, pois já se tornou uma ideia.
Talvez seja uma ideia mesmo, e bem na amplitude vazia e vaga do próprio conceito de ideia. Considerando a ideia como uma representação mental sobre algo, então Lula se desapartou do seu lado humano (aquele condenado e levado à prisão) para propagar uma exteriorização inexistente.
Quanta insanidade numa ideia de pessoa! É como se os processos não existissem, é como se já não houvesse sido condenado, é como se o seu nome já estivesse na boca do bueiro e escorrendo pelos lamaçais, é como se seus atos impuros não tivessem nenhuma valia. E não por que ele está acima disso tudo. Ele é puro, é a essência! Um doido varrido.
Segundo a sua insana divagação, nenhum mal pode mais lhe atingir pois já alcançou um estágio onde apenas o seu nome, ou a sua ideia, passou a ser a única verdade existente. O Lula não existe mais, mas apenas um ser superior que esta sobre ele - e que é ele mesmo - e que age nas pessoas como algo em estado de perfeição.
A noção de supremo, de deus, de divindade, de iluminado, de essência, de um ser que é tudo e está além de tudo, foi plantada pelo fanatismo político. Ora, se pessoas devotam um condenado, se militantes pregam a probidade na corrupção, se fanáticos cegam perante toda e qualquer acusação perante o seu líder e guru, então o divinizado passa a achar que é divino mesmo.
Este é o caso do Lula. O fanatismo ao seu redor cresceu de tal forma que de repente ele se viu no pedestal da divindade. Por isso mesmo que imagina já ter alcançado a plena consagração. Ademais, tudo que contra ele se faça passa a ser tido como perseguição a um justo e um inocente. E arraigou-se de tal modo que ele, já em elevado estado de insanidade, talvez se imagine mesmo como um inocente e puro.
Mas a verdade é que a ideia foi e continua presa. Não se sabe ainda como a Polícia Federal cuida de prisioneiro-ideia. Mas o melhor seria não se preocupar nem o que seu bem estar, seu alimento, seu dia. Uma ideia não precisa de café nem de almoço. Precisa apenas ser esquecida.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

Um comentário:

Ana Bailune disse...

Brilhante texto!
Os santos existirão, enquanto existirem devotos.