*Rangel Alves da Costa
Então eu me afastei da cidade e fui prosear
com os bichos. Cheguei rente à porteira, um tanto desconfiado do que eles
poderiam pensar de mim, mas fui bem recebido. Adiante, um monte deles, e foram
se achegando ainda mais. De repente, estávamos todos ali, somente a porteira
nos separando, assim como velhos amigos em passageiras visitas. Eu sabia que
eles desejavam que eu puxasse a conversa, pois todos calados e olhando em minha
direção. Então comecei a prosear. E logo fiquei sabendo de uma pessoa muito rica,
dona daquilo tudo, e de nome “Seu Bé”, talvez seja isso mesmo. Perguntei: “Quem
é o dono desse pasto?”. Responderam: “Bé”. Perguntei: “De que é essa
propriedade?”. Responderam: “Béé...”. Fiz mais perguntas: “De quem é aquele
montão de terra a perder de vista?”. Bééé...”, foi o que responderam. Por fim,
indaguei onde esse Bé estava. Então todos chamaram numa só voz: “Bééééé...”.
Esperei mais de meia hora e o tal de Bé não apareceu. Fui embora, mas já longe
eu ainda ouvia: “Béééééé...”.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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