*Rangel Alves da Costa
Misericordioso
Senhor, Pai onisciente, onipotente, onipresente, Ser que a tudo vê, a tudo sente,
em tudo está. E, por ser assim, que sempre esteja no altar do sertanejo mundo,
onde os pobres e desvalidos se ajoelham junto ao pedestal a rogar graças pelas
bem-aventuranças de sua terra.
Que o seu
tempo de Eclesiastes seja também o tempo do homem do campo. E assim, que o sol
saia, mas também que a chuva caia. Que o calor abrase, mas que a mansidão das
brisas boas sopre pelas feições de seu povo. Que não seja somente a dor, pois
todo ser humano merece também a alegria e a felicidade.
Que o sol
por alguns dias se isole, fique nas distâncias dos horizontes sertanejos, para
que a chuva chegue como milagre divino cheio de esperanças. Que o calor
abrasado se vá para o leito das águas e em seu lugar venha a brisa boa, o
frescor confortante e o suave sopro alentador.
Que o céu
azulado e aberto se distancie em repouso temporário e nas alturas vão surgindo
as cores esperançosas de um sertão nublado, com nuvens carregadas e trovões
anunciando a chegada da chuvarada.
Que as
portas e janelas se fechem, não apenas pelo isolamento, mas para que os pingos
d’água fiquem somente na terra, se esparramem pelo chão, façam transbordar
açude e tanque. Que a planta definhando se esconda e em seu lugar surja um viço
novo, verdejante e florido.
Que o
silêncio das ruas e a calmaria dos descampados, sejam de repente cortados pelo
barulho das chuvas, pelos bichos em alarido e o sertanejo em prece de
agradecimento. Que ao cair, as chuvas boas escorram pelos campos, inundem as
fontes, verdeje a vida, faça renascer a paz.
Que o
ficar em casa não seja nem para a tristeza nem para a desolação, não seja para
pensar angústias nem tecer mais aflições, e sim uma renovação de tudo que
alimente a alma e fortaleça o ser.
Que os
dias não sejam cansativos pela espera nem angustiantes pela incerteza, mas tão
somente dias que passarão para os novos dias, e estes cheios de luz, de saúde e
de paz. Que o coro dos anjos volte a cantar, que os sinos voltem a dobrar, que
os cantos de amor e de fé voltem a ecoar pelas ruas, pelos lares, pelos campos
e além.
Que tudo
se renove e se refaça, pois tudo desejo sagrado. Os seres que agora padecem e
sofrem são filhos de Deus. E Deus não abandona os seus!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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