*Rangel Alves da Costa
O varal, aquele cordame estendido para o
enxugamento de roupas, possui uma simbologia imensa. O varal recebe a roupa
refeita depois de lavada, acolhe o lenço ainda encharcado de lágrimas, sente o
pouso do passarinho, embalança com o balançar das roupas enxutas, ao sabor do
vento, da ventania. Toda vez que passo num quintal e avisto o varal, é como se
o cordame balançasse vidas, embalançasse dores, ressecasse lágrimas e aflições.
É como se as roupas estendidas de braços abertos quisessem se abraçar,
quisessem voar, ir além pra qualquer lugar. Os lenços que enxugaram olhos
pranteando amores, os lenços que se encharcaram de saudades e recordações,
agora ressequidos temem a desilusão. Tão belo o varal, mas tão triste o varal.
De repente vejo uma camisa solta ganhando os espaços. De braços abertos como
quer abraçar. Vai subindo aos espaços em busca de abraços, buscando o amor
terreno que o céu desfez os laços.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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