SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



domingo, 2 de setembro de 2012

PRECISO SABER (Crônica)


                                        Rangel Alves da Costa*


Quem souber responda, pois preciso saber. Preciso urgentemente saber:
Por que essas pessoas que vendem milhões de livros ensinando a enriquecer, só se tornaram ricas depois do recebimento dos direitos autorais?
Por que esses autores de livros de auto-ajuda são, na sua maioria, desajustados, psicologicamente desequilibrados?
Por que as mãos tão limpas vão sujando a toalha?
Por que o não ter provoca encorajamento, o desejo provoca a busca, a vontade de vencer conduz à incansável luta, e há tanto esmorecimento e tanta renúncia depois de tudo conseguido?
Se a Ciência nega a divina criação, por que os cientistas não oram diante de uma máquina?
Por que o primeiro beijo nunca é esquecido e o beijo de instante atrás talvez nem seja mais relembrado?
Por que não sente cansaço aquele que sobre a montanha para falar com Deus e sempre retorna voando, com asas de pássaro?
Por que as ondas choram borbulhando toda vez que avistam na beira do cais alguém que jamais terá o retorno de quem tanto espera?
Por que a escada para o céu é invisível e somente alguns sabem o lugar exato de colocar cada pé até alcançar o topo?
Por que o padre veste a batina, ensina ao devoto não pecar, aponta com frieza os castigos pelos pecados, e depois vai se tornar pecador diante de inocentes?
Por que abelha tem asas e a flor não, a poeira fica e a brisa passa, o orvalho começa a secar quando os olhos lacrimejam?
Por que o homem teme tanto a morte, mas a cada dia vai tirando grãos de areia daquilo que será sua sepultura?
Seria possível jurar amor eterno, e para tal jamais ferir o outro, jamais negar-lhe carinho e atenção, jamais deixar o tanto querer esmorecer com o tempo, jamais negar que continua o mesmo desde o momento que jurou eterno amor?
Por que a chuva na vidraça traz entristecimento, o entardecer no monte provoca angústia, o vento soprando nas folhagens traz antigas recordações, olhar uma estrada que vai sumindo distante desperta tanta aflição?
Por que as pessoas nunca encontram as palavras precisas e necessárias quando tem de dizer tudo diante do outro?
Seria possível provar que um amor é verdadeiro? O que será verdadeiro no amor, apenas a palavra dita no momento de dizer que ama de verdade?
Por que as andorinhas nunca mais fizeram seus ninhos no meu verão?
Por que quanto mais tentam negar a existência de Deus mais os milagres acontecem, mais o homem precisa de sua luz, mais a vida e o mundo se ajoelham devotamente a seus pés?
Por que o hoje tão inovador amanhã já será tão antigo e ultrapassado, e o novo que surja se transformará em velharia mais adiante, até que chegue um tempo onde tudo seja velho diante de tudo já inventado, e enfim será o fim?
Por que as rosas são também brancas ou vermelhas, e as cores rosa nunca são brancas nem vermelhas?
Por que é possível suporta mil séculos sem beber um copo d’água, mas a sede será constante depois do primeiro gole?
Por que a solidão nunca deixa o indivíduo sozinho, mas sempre acompanhado de fantasmas, retratos e recordações?
Por que não amei mais, não me entreguei mais, não dei mais provas de amor, não pensei que qualquer dia tudo seria apenas saudade, tristeza e ainda o mesmo imenso amor?


  
Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
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