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A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Palavra Solta: amor de menino, do olhar ao beijo


Rangel Alves da Costa*


Namoro na infância era um verdadeiro percurso aflitivo, ainda que gostoso demais de ser vivenciado. Tanto o menino como a menina despertava para o amor, mas os impedimentos e as dificuldades surgiam de todo lado. Se os pais da menina ao menos sonhassem que o seu coração andava palpitando mais que o normal, era certeza de surra bem dada. Com o menino não era muito diferente. A mãe logo dizia que cuidasse de crescer para pensar em olhar para as filhas dos outros. “Vá tirar o fedor de mijo, moleque”, era a ressonância. Mas ele estava apaixonado. E ela também. Ele jogava bilhetinho pela janela, lançava beijos ao vento, deixava uma florzinha num lugar onde ela pudesse avistar. Ela chegava a ficar avermelhada toda vez que ele passava ao redor com aquele olhar pidão. Mas nenhum tinha coragem de se manifestar. Sempre havia uma amiga que levava e trazia recados, marcava os encontros jamais realizados. Até que um dia, pelos acasos da vida, ele se vê frente a frente com aquela flor de seus sonhos. E agora? Tímido demais, a verdade é que emudecia quando a palavra certa já tinha sido pensada e repensada. Escreve rapidamente um bilhetinho e passa quase correndo pela menina, mas com o cuidado de deixá-lo na sua mão. “Quer namorar comigo? Se quiser basta sorrir”. E ela sorria sem disfarce. Então ela se encorajava para chegar junto dela, olhar no azul daquele mar imenso, silenciosamente aproximar o seu lábio daquela fruta de sonhos e beijar levemente. Subir aos céus, subir aos céus. Quando os olhos se abriam havia um encantamento tal que nenhuma magia do mundo se mostrava com tamanha beleza. O amor, o amor, o amor...


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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