SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



terça-feira, 29 de setembro de 2015

Palavra Solta: o diferente mundo das diferentes pessoas


Rangel Alves da Costa*


Para muita gente, não há mudança no mundo que implique em sua transformação ou mudança no jeito de ser, de sentir e agir. Ainda conheço pessoas que vivem anos-luz distantes de avanços tecnológicos, modernidades, informática ou mesmo qualquer coisa que seja diferente de seu mundo próprio e único aceito. Mesmo não vivendo muito distante da cidade, pouco saem além da cancela ou porteira, pouco viram a curva da estrada, pouco vão além de sua malhada. Conhecem a radiola, mas não a parafernália de som; conhecem a palavra, a voz e o grito, mas não o telefone e muito menos os smartphones da vida; conhecem a roupa, o vestir, o usar, mas não a etiqueta, o luxo e a moda; conhecem o pão, a fome e a comida no fundo da panela, mas não a guloseima, o cardápio, o fresquê culinário; conhecem a lua e o sol, mas não as luzes dos modismos que tanto enganam e cegam os citadinos; conhecem o lombo do burro, do jumento e do cavalo; mas não o selim da moto, do veículo, do possante motorizado; conhecem a pinga, o chá medicinal, a água de moringa e o café gordo e gostoso, mas não o uísque, o vinho e champanha da burguesia. Aboia, ecoa sua toada dolente e sequer quer saber de sofrência, baianada ou qualquer porralouquice musical. Um povo assim ainda existe, e muita gente assim eu conheço. Pessoas que encontro nas minhas andanças sertões adentro, levando comigo o embornal para tudo retratar e um coração sertanejo para tudo sentir e admirar.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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