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quarta-feira, 11 de maio de 2016

Palavra Solta - as últimas horas de uma condenada


*Rangel Alves da Costa


A execração virá pelo impeachment mesmo. Dilma preferiu assim, e que assim seja. Como diz o ditado, quem faz aqui é aqui mesmo que há de prestar contas. No caso dela, será uma degolada que, quanto mais a lâmina afiada for cortando tudo, mais ela imaginará ser uma cócega passageira. Não quer cadeira elétrica, enforcamento ou injeção letal, pois prefere a insanidade, a completa loucura, para fantasiar um mundo irreal: “Eu não vou ser derrubada porque não fiz nada, eu não vou perder o poder porque fui eleita pelo povo, eu não roubei, não matei, não fiz nada. Só acabei com o Brasil, com uma nação inteira, mas isso não há de ser nada. O povo sempre esquece ou perdoa quem lhe tira a educação, a saúde, a segurança, o trabalho, a perspectiva de vida. Fui a melhor presidente que já existiu, a mãe dos pobres, a humilde e benévola Dilma. Sou quase uma santa, para dizer a verdade. Por isso que não saio daqui de jeito nenhum, nem se quiserem força minha retirada. Eduardo Cardozo disse para eu não sair, Lula também, então não saio de jeito nenhum”. Então chega o algoz e diz que a guilhotina já está pronta, pois o Senado vai aprovar seu afastamento e a derrocada final é dada como certa. E ela, como se pronunciando as últimas palavras de uma condenada, indaga: “Por que essa guilhotina, essa lâmina afiada? Fiz meus cabelos agora e não vai ter golpe, não vai ter golpe, não vai ter golpe...”.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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