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A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



terça-feira, 17 de maio de 2016

Palavra Solta - sinos que dobram


*Rangel Alves da Costa


Os sinos dobram pelos seus motivos. A capelinha se mantém silenciosa até que os sinos dobrem. E estes dobram chamando, anunciando, despertando, louvando. Dobram convidando os fiéis aos ofícios. Dobram como um relógio acompanhando o tempo. Dobram dizendo da despedida de alguém. E quando assim, dobram, logo ao alvorecer, a tristeza e a incerteza ecoam por todo lugar. Um bater lento, cadenciado, compassado, assim a morte é anunciada. E o mesmo bater durante a caminhada ao campo santo. Diferentemente dos sinos natalinos, festivos e melodiosos, os sinos distantes são apenas sentimentos. Também angústias, dores, sofrimentos. Também a fé audível, a igreja gritando, a religiosidade ecoando. Mas de vez em quando os sinos dobram sozinhos, sem motivo aparente algum. E durante o dia inteiro, para pessoas diferenciadas a cada instante. É que as pessoas, nos seus instantes de solidão e relembranças, ou mesmo quando estão ajoelhadas perante um oratório, fazem despertar um sino mental que vai dobrando suavemente. É a voz da fé ou do pensamento que alça os ares e vai sumindo pela ventania.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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