SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



segunda-feira, 9 de maio de 2016

Palavra Solta - a sensibilidade perdida


*Rangel Alves da Costa


A sensibilidade é aspecto biológico e comportamental dos mais importantes aos seres humanas. Através dela há a floração dos sentidos, a compreensão da vida, um olhar diferenciado para a realidade. O sujeito sensível melhor traduz o mundo e a importância das pequenas coisas. Sente a dor do outro, chora a lágrima do outro, chama para si a inquietude perante as dolorosas realidades. Geralmente dizem que sensíveis são as pessoas de bom coração, aquelas mais fraternas e compartilhadoras. E são assim mesmo. De repente, mesmo na distância, gostariam de estar ao lado confortando, ajudando, acolhendo. Contudo, o mundo de agora está tão brutal, tão bárbaro e doloroso, que até mesmo a sensibilidade vai perdendo sua cordialidade caridosa. Deveras, difícil mostrar-se sensível quando tudo clama ajuda, socorro, piedade. É como se a sensibilidade se envolvesse tanto com o insensível que, aos poucos, também vai perdendo sua razão de ser. Chorar por quem, por quantos, e onde? Estender a mão a quantos? Sofrer o sofrimento de quantos? No mundo em que até as próprias lágrimas vai secando pelos sofrimentos, não é fácil dividi-las com tantos sofrimentos espalhados por todo o lugar.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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