SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



quarta-feira, 6 de julho de 2016

Palavra Solta - a chave


*Rangel Alves da Costa


A chave e o seu enigma, o seu desejo, a sua impertinência, a sua traição. Um simples instrumento para ou fechar portas, mas de repente toma uma aparência muito além de sua especificidade. Ora, por que a chuva de repente não abre, por que o tão conhecido caminho da fechadura se torna dificilmente demais de ser encontrado, por que inesperadamente some num passe de mágica? A chave é assim, uma boa amiga, um meio de proteção, mas também uma falsidade sem igual. A pessoa sai e esquece a chave por dentro, ela quebra dentro da fechadura bem num instante de grande necessidade, ela cai e misteriosamente rola por debaixo da porta, ela some da bolsa ou do bolso quando dela mais se necessita. A pessoa chega em casa “aperreada” e nada de encontrar a chave, e quando encontrada emperra na fechadura, não quer entrar, não dá voltas, não reage à ação. Debaixo da chuvarada, correndo para chegar logo em casa e se proteger, mas diante da porta a surpresa: a chave foi esquecida em algum lugar. Outras vezes, depois de se desesperar de tanto procurar, a pessoa acaba quebrando o cadeado ou a fechadura, e quando o estrago já está feito então ela é avistada logo ali, pertinho, parecendo adormecida em sono solto. Por isso que muita gente prefere pular a janela. E ela está sempre apenas recostada nas noites adulterinas.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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