SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Palavra Solta - manias


*Rangel Alves da Costa


Tem cada mania que mais parece coisa de doido. E acontece com todo mundo. Conversar sozinho é uma das mais costumeiras. Até acho melhor falar sozinho, para o vento e o além, do que estar conversando com certas pessoas maldosas ou fofoqueiras. Eu tinha uma tia que mijava em pé, com vestido e tudo. A urina chegava a escorrer pela perna e depois lá ia ela se banhar. Já o meu avô paterno ficava de cócoras em todo lugar que chegasse. Aliás, não raro que se punha de cócoras por cima de cadeiras ou bancos. Uma velha conhecida minha tinha a triste mania de chorar pelo nada. Chorava se ouvia o sino da igreja, se o leiteiro gritasse à porta, se a chuva começasse a cair. Se alguém chegasse perto dela e perguntasse se já ia chorar, então é que a pobre se danava em prantear. Outro conhecido declamava versos em cima de uma pedra e em direção à lua, mas este era doido mesmo. Minha vó materna, já velhinha, não podia encontrar cacareco pela rua que levava pra casa, numa junção de velharias que não acabava mais. Já outra conhecida, mulher casada e dada ao respeito, tinha a mania de namorar. E só queria menino novo, rapazote. E a mania mais feia era todo diz dizer que o marido lhe estava botando ponta. Coitado do homem, e que mania de cornice.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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