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sábado, 3 de setembro de 2016

SEXO OPOSTO E O OPOSTO DO SEXO


*Rangel Alves da Costa


Urge, de antemão, indagar: Nos dias atuais, o que significa mesmo sexo oposto? Como será observado mais adiante, tal questionamento ganha cada vez mais pertinência, principalmente considerando as diversas opções sexuais que procuram, ainda que forçosa e descabidamente, reconhecer-se não pelo sexo de nascimento, mas como desejam ser distinguidas socialmente. Descabidamente porque, numa situação normal, não há como mudar o sexo, mas tão somente a opção sexual.
Ora, é da normalidade humana nascer com um sexo definido: homem ou mulher. Somente em casos específicos surgem situações como o hermafroditismo (nascer com órgãos masculino e feminino). Fala-se ainda em intersexualidade, heterogenia, androgenia, etc., no sentido de apontar a dificuldade de identificação de um indivíduo como totalmente feminino ou masculino. Contudo, a generalidade é que o sexo humano ou seja feminino ou masculino. Homem ou mulher.
Quando exsurge a questão da homossexualidade e seus congêneres, então as situações começam a se complicar na exata definição do sexo. Não por motivos biológicos ou genéticos, pois mesmo assumindo-se com de outro sexo, ou do sexo oposto, não deixa de ser do sexo originário, ou seja, não muda de sexo pela opção sexual assumida, continuando homem ou mulher. Somente quando há procedimento cirúrgico de mudança de sexo é que a situação se inverte. Mas outros fatores se tornam de grande relevância.
Então, novamente a indagação: Nos dias atuais, o que significa mesmo sexo oposto? A resposta lógica seria dizer que sexo oposto é aquele que está oposto, antagônico, ao outro. E oposto no sentido de ser diferente, ao contrário, de outra forma. Então, o oposto do sexo masculino é o feminino, e do feminino o masculino. Ou ainda dizer da heterossexualidade como elemento definidor do que seja sexo oposto, pois a atração havida é, ao menos presumidamente, por pessoa do sexo diferente.
No contexto atual, onde a liberação sexual e os novos valores comportamentais permitiram o avanço das experiências de corpo e de prazer, da propagação de comportamentos sexuais mais explícitos e da “assumição” de papéis como a homossexualidade, a bissexualidade, o lesbianismo, o travestismo, dentre outros termos e orientações, passou-se a ter um emaranhado de situações aonde o sexo de nascimento vai se opondo a si mesmo pelas práticas e opções assumidas.
Um exemplo claro dessa nova configuração de corpo e de opção sexual está na chamada transgeneridade. O transgênero, mesmo não sendo necessariamente homossexual ou lésbica, não se identifica com o sexo de nascimento, com a sua condição genética de homem ou mulher. O sexo continua o mesmo, mas sua mente não, pois sente que está no corpo errado. Ante tal inconformismo, passa a assumir exatamente o papel oposto. Daí, por exemplo, a pessoa passar a se vestir como se fosse do outro sexo.
E o homossexual ou a lésbica, ao se relacionar com outra pessoa, não estará mantendo um relacionamento com pessoa do mesmo sexo ou do sexo oposto? Considerando que o relacionamento se dá pelo papel assumido, então se terá, por exemplo, um homem no papel de mulher, ou do homem com outro homem? E o bissexual, em condições diferentes de relacionamentos, se opõe duas vezes a si mesmo? Não é fácil obter respostas seguras, precisas.
Como observado, perante as novas configurações sexuais, cada vez mais o sexo de nascimento vai sendo esvaziado pelos desejos e opções de tantos. De repente se ouve que se pudesse escolher não havia nascido com o atual sexo de mera identificação civil. Não raro alguns sequer se aceitam na condição de nascimento. E também não raros os distúrbios e transtornos mentais causados pela não aceitação de sua condição feminina ou masculina. Muitos suicídios já ocorreram por tais motivações.
Diante de tais situações, inegável o surgimento de muitos outros questionamentos. E assim porque o chamado sexo oposto não pode ser mais considerado em relação ao outro, pelo masculino ou feminino, mas à própria pessoa que passa a se opor ao seu próprio sexo. Por consequência, o homossexual e a lésbica acabam sendo o sexo oposto de seus próprios sexos. Aquela que nasce mulher, por exemplo, e assume um papel sexual de homem, não só se opõe ao seu sexo originário como igualmente se opõe ao papel assumido. Ora, continua mulher.
Depreende-se, então, que nos dias atuais soa como mero formalismo que a pessoa seja identificada pelo sexo. O masculino ou feminino contido no documento de identificação nenhuma valia terá se a pessoa assim desejar. Tudo é uma questão de opção sexual, de ser realmente homem, de ser realmente mulher, ou ser a sua própria oposição. Ou mesmo de mentalidade normativa: o homem em si mesmo e a mulher em si mesma, na conduta e na procriação.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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