SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



segunda-feira, 6 de maio de 2013

Poço Redondo antigo



Poço Redondo antigo


Era o mesmo sertão
mas de amigo e de irmão
era um sertão mais distante
sem atrair tanto errante
terra de compadres e comadres
filhos que deixaram saudades
cadeiras pelas calçadas
vaqueiros cruzando estradas
amigos nos seus proseados
reclamando dos roçados
a seca sem vingar semente
o sertanejo tão descontente
fazendo promessas aos santos
escondendo os seus prantos
mas tudo vai melhorar
dizia o outro ao chegar
vai ter festa de agosto
forró bom de todo gosto
esse ano vai ter procissão
aumentando a fé do irmão
a cidade vai se encher
e muito amigo acolher
vem gente de Canindé
chega gente até a pé
de Serra Negra e Entremontes
amigos chegando aos montes
de Pão de Açúcar e ao redor
tudo querendo o forró
tirar retrato com Seu João
o parque a maior atração
camisa de volta-ao-mundo
fazer bainha em segundo
calça de boca de sino
roupa na feira pro menino
saia rodada e florida
coisa mais linda da vida
uma alfazema pra cheirar
a mocinha vai namorar
vai ter Zé Aleixo e Zé Goiti
e Gunga que é daqui
forró no bar de Delino
tem repentista de Ermerindo
brilhantina no cabelo
o sertanejo no seu zelo
muito dinheiro tem não
mas não falta o tostão
tomar cerveja e aguardente
agosto um grande presente
o povo animado a dançar
até madrugada chegar
pelos escuros os namoros
depois apareciam os estouros
fulaninha engravidou
sicraninha embuchou
quem foi o cabra safado
se foi solteiro ou casado
e assim ia nascendo menino
cada um com seu destino
uma gente sertaneja
nascido com fardo e peleja
Poço Redondo era assim
tempo melhor que ruim
a pobreza existia
mas pouco dela sentia
o povo era mais trabalhador
ninguém vivia de favor
política era só pra votar
e não esse feio humilhar
cada casa com seu pão
sem essa pobreza de então
pois o progresso chegado
fez do Poço um derrotado
com cada prefeito que entra
mais o lugar arrebenta
que tem olhos que aviste
em tudo a coisa mais triste
quem tem coração que suporte
sofrer que é igual a morte



Rangel Alves da Costa

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