*Rangel Alves da Costa
Ouvi a minha voz sem eu falar. Vi minha
feição sem ao menos me avistar. Ouvi meu próprio brado sem jamais gritar.
Atravessei a ponte sem jamais passar. Fui pela estrada sem nunca caminhar.
Trilhei o céu azul sem jamais voar. Rodei pelo salão sem nunca dançar. Bailei
em meio a chuva sem pingo me molhar. Adormecido eu viajei sem sequer sonhar.
Marinheiro eu fui sem jamais ter mar. Senti lábio no meu sem jamais beijar.
Enchi os olhos d’água sem nunca chorar. Meu coração se alegrou sem jamais
pulsar. Eu vi uma estrela sem ter um luar. Esperei a esperança sem desesperançar.
Bebi do veneno sem me envenenar. Mas do doce do amor veio o açucarar. E um
verso poético ponho-me a dedilhar. E trago a solidão em suave embriagar.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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